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Uma pesquisa internacional feita com jovens de dez países mostra que os brasileiros entre 16 e 25 anos são os que mais hesitam em ter filhos por causa das mudanças climáticas.
Quase metade (48%) dos brasileiros entrevistados disseram que as mudanças climáticas os fazem ficar hesitantes em relação a ter filhos. Essa proporção ficou bem acima da média mundial (39%) e foi o maior percentual registrado nos dez países pesquisados - Austrália, Estados Unidos, Reino Unido, Índia, Nigéria, Filipinas, Finlândia, Portugal, Brasil e França.
No Reino Unido, por exemplo, a porcentagem de jovens que pensam com hesitação em ter filhos por causa das mudanças climáticas é de 38%. Nos EUA, é de 36% e, na Austrália, de 42%.
O estudo, que ouviu 10 mil pessoas entre 16 e 25 anos e fez perguntas sobre o nível de ansiedade dos jovens em relação às mudanças climáticas, foi feito por pesquisadores de diversas instituições - como o Centro de Inovação em Saúde Global da Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford e a Universidade de Helsinque - e foi financiado pela plataforma Avaaz.
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Os dados coletados no Brasil mostram que os jovens brasileiros têm um nível de ansiedade em relação ao futuro do clima no planeta acima do nível mundial - que já é bastante alto.
A maioria dos jovens entrevistados no Brasil sentem que o governo está falhando com eles (79%), enquanto o índice é de 65% entre jovens britânicos e de 67% entre os australianos.
A maior parte dos jovens brasileiros ouvidos (92%) também acredita que a humanidade falhou em tomar conta do planeta e acham que o futuro é assustador (86%).
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Essas preocupações não estão desconectadas da realidade.
O último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) mostrou que as mudanças climáticas estão se intensificando e confirmou novamente que elas são resultado das ações humanas. Com elas, eventos climáticos extremos tendem a aumentar.
O relatório mostra que o Brasil será fortemente impactado - a América do Sul terá mais aumento de temperatura que a média global. No país e em outros da América do Sul e América Central, as "temperaturas médias provavelmente aumentaram e continuarão a aumentar em taxas maiores do que a média global", diz um resumo do relatório do IPCC.
O sudeste do continente terá aumento de chuvas - que inclui a região sul do Brasil e parte do sudeste, com São Paulo e Rio de Janeiro.
As consequências para o Brasil são graves, e podem fazer com que o país deixe de ser uma potência agrícola global, na avaliação do cientista Carlos Nobre, que já foi pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e coordena o Instituto Nacional de Tecnologia para Mudanças Climáticas.
Ele aponta que o país terá nos próximos anos secas cada vez mais prolongadas, temperaturas mais altas e extremos climáticos que terão um profundo impacto na forma como sobrevivemos e produzimos energia e comida.
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Ansiedade generalizada
Os dados mundiais mostram um cenário generalizado de ansiedade sobre as mudanças climáticas, de acordo com a pesquisadora Caroline Hickman, da Universidade de Bath, no Reino Unido, uma das co-autoras do estudo. Segundo ela, os "níveis elevados de estresse psicológico nos jovens estão relacionados à falta de atitude governamental".
Entre os 10 países estudados, os índices de ansiedade e preocupação tendem a ser maiores entre aqueles em desenvolvimento - como Brasil, Nigéria e Filipinas - ou que ficam no hemisfério sul, como a Austrália.
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Mais da metade dos jovens nos países estudados estão muito preocupados com as mudanças climáticas e acham que terão menos oportunidades que seus pais por conta delas.
O índice de confiança na ação dos governos também é baixo - cerca de 60% dos jovens ao redor do mundo acreditam que os governos ignoram as preocupações das pessoas.
E somente 31% dos jovens acreditam que os governos são confiáveis e 36% acham que eles estão agindo de acordo com a ciência. No Brasil, esses índices são de ambos de 22%.
E apenas 18% dos jovens brasileiros entrevistados acreditam que o governo está protegendo eles, o planeta e as futuras gerações - um índice ainda mais baixo que a média global para esse critério, que é de 33%.
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