A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) foi selecionada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para desenvolver e produzir uma nova vacina contra a covid-19. A escolha foi anunciada nesta terça-feira, 21. Ainda não há previsão para que essa nova vacina fique pronta e seja ofertada à população - atualmente ela está em estágio pré-clínico.
O imunizante, que será fabricado pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) da Fiocruz, no Rio de Janeiro, usa tecnologia de RNA mensageiro, diferente da vacina da AstraZeneca, também produzida na instituição e que utiliza adenovírus. A seleção é resultado de uma chamada mundial lançada em 16 de abril de 2021 para aumentar a capacidade de produção e ampliar o acesso às vacinas contra a covid-19 nas Américas. Cerca de 30 empresas e instituições científicas latino-americanas participaram.
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Como resultado da seleção, a OMS e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) colocarão à disposição da Fiocruz especialistas internacionais com experiência nos diferentes aspectos de desenvolvimento e produção de vacinas desta natureza. É esperada ainda a cooperação com um consórcio sul-africano também escolhido pela OMS, com o centro argentino e outros produtores de vacinas da região.
Uma vez desenvolvida, a vacina candidata passará pelo processo de pré-qualificação da OMS, que garante o cumprimento dos mais elevados padrões internacionais para garantir sua qualidade, segurança e eficácia. Para assegurar o acesso equitativo, a vacina desenvolvida será oferecida aos Estados-membros e territórios da Opas por meio de seu Fundo Rotatório, que fornece vacinas acessíveis há mais de 40 anos na região. Bio-Manguinhos já dispõe de uma planta suficientemente avançada para a produção da vacina candidata, não sendo necessária a construção de uma nova fábrica.
"Esta será uma tecnologia que vem se somar à plataforma de adenovírus, utilizada na vacina Fiocruz/AstraZeneca para a covid-19. O desenvolvimento de uma vacina da Fiocruz de mRNA é um passo fundamental para que o Brasil detenha o domínio tecnológico de duas plataformas fundamentais para o avanço no desenvolvimento de imunobiológicos. Com esse projeto e o apoio da OMS, estamos reafirmando nosso compromisso com a ciência e a tecnologia a serviço da população", afirmou a presidente da Fioruz, Nísia Trindade Lima.
Segundo Nísia, ainda é cedo para falar de datas e cronograma, mas o apoio da OMS será decisivo para que o desenvolvimento dessa vacina ocorra da forma mais rápida possível e dentro dos protocolos de segurança e qualidade mundiais.
Além de fabricar a vacina, a Fiocruz se comprometeu a compartilhar seu conhecimento para a produção do imunizante com outros laboratórios da região, garantindo a eles a transferência de tecnologia para ampliar a capacidade produtiva regional. Esse compromisso faz parte do projeto apresentado à OMS.
"O apoio que Bio-Manguinhos/Fiocruz agora recebe da Opas e da OMS se configura como um reconhecimento de nossa competência e nos permitirá galgar mais um degrau em nossa jornada de desenvolvimento de capacitações científicas e tecnológicas em plataformas de última geração para vacinas humanas. Permitirá ainda contribuirmos mais decisivamente para aumentar a equidade mundial no acesso a vacinas, com potencial para uma verdadeira revolução no desenvolvimento de outras vacinas de interesse para o Sistema Único de Saúde (SUS) e para a saúde pública mundial", disse o diretor de Bio-Manguinhos, Mauricio Zuma.
Para o vice-diretor de Desenvolvimento Tecnológico de Bio-Manguinhos, Sotiris Missailidis, a dedicação da equipe tem sido fundamental para o avanço do projeto. "A equipe de Desenvolvimento Tecnológico tem trabalhado por anos, incansavelmente, com dedicação e profissionalismo, buscando alcançar um nível de excelência no desenvolvimento de novos produtos que atendam aos desafios da saúde pública", declarou.