A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) cumpre, nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira (22/9), 10 mandados de busca e apreensão e três de prisão preventiva contra uma associação criminosa especializada em aplicar o "golpe do motoboy" na capital e em vários estados do país. As investigações, conduzidas pela 10ª Delegacia de Polícia, começaram em julho, após um idoso, de 77 anos, morador de Brasília, ter um prejuízo de R$ 70 mil. A ação conta com o apoio de policiais civis do Grupo Especial de Reação (GER) de São Paulo.
Leia Mais
Médico pró-cloroquina morreu de COVID-19 e dado foi omitido, diz siteONU: Guterres celebra anúncios de EUA e China para questão climáticaFiocruz é selecionada pela OMS para desenvolver nova vacina contra a covid-19Mulher gasta R$ 7.500 com taróloga para se livrar de 'maldições' Estudante acusa Latam de maus-tratos a cachorro que morreu durante viagemAnvisa determina recolhimento de 12,1 milhões de doses da CoronaVacCom refletores desligados em presídio, membro do PCC dribla escolta e fogeDesmatamento na Amazônia pode ter chegado a ponto irreversível, diz estudoPara aplicar o golpe, os criminosos escolhiam, na maioria das vezes, pessoas idosas, e usavam da manipulação psicológica das vítimas para colher as informações confidenciais, como senhas e números de cartões.
Como funcionava?
Os criminosos agiam da seguinte maneira: se passando por funcionários da central de segurança de instituições bancárias, eles ligavam para as vítimas e solicitavam a confirmação de uma compra suspeita efetuada no cartão de crédito, mas que na verdade nunca existiu. Em resposta, o cliente afirma desconhecer o gasto, mas o grupo insiste em dizer que o cartão foi clonado e orienta que a pessoa entre em contato com a operadora do cartão para que seja feito o bloqueio imediato.
Acreditando estar com o cartão clonado, o cliente disca o 0800 da central de atendimento da operadora, mas mal sabe que quem está na linha são os próprios golpistas. "A vítima é orientada a fornecer a senha do seu cartão para fins de bloqueio, e informada que um funcionário do banco irá até sua casa para coletar o cartão para fins de perícia", detalhou o delegado-adjunto da 10ª DP, Renato Alvarenga Fayão.
Em continuidade ao golpe, o suposto funcionário vai até a casa da vítima, geralmente um motoboy, pega o cartão de crédito e, a partir daí, com o cartão e senha em mãos, começam a fazer transações financeiras, geralmente, utilizando maquinetas de cartão, cadastradas no CNPJ de empresas de fachada, ou no CPF de laranjas ou dos chamados auxiliares financeiros, dificultando, assim, a identificação dos autores.
No caso específico do idoso morador do Lago Sul, os criminosos também levaram o celular dele. "O aparelho foi levado a pretexto de ter que passar por um procedimento no banco. Esse é um novo padrão desses criminoso, porque com os celulares e senhas, podem usar o aplicativo bancário da vítima, causando maior prejuízo", afirmou o delegado Tiago Carvalho, da 10ª DP, que também participou da operação.
Golpe em alta
Levantamento feito pela Divisão de Análise Técnica e Estatística (Date/DGI) mostrou que, entre janeiro e março deste ano, aumentou em 46% o número de registros criminais vinculados ao "golpe do motoboy". "Esse é um tipo de crime que vem atingindo um número elevado de vítimas e que a PCDF vem reiteradamente combatendo essas células criminosas", pontuou o delegado Tiago Carvalho.
O golpe segue um tipo de esquema. Na primeira etapa, os criminosos se subdividem, ao menos, em três núcleos. São eles: núcleo da engenharia social, que é composto por indivíduos que atuam na operação das falsas centrais de atendimento, obtendo das vítimas as senhas alfanuméricas e as induzindo a entregar o cartão de crédito a um falso mensageiro do banco; núcleo operacional, que é integrado pelos responsáveis pela coleta dos cartões das vítimas e realização das transações bancárias em maquinetas de cartão em nome de "laranjas" ou auxiliares financeiros e empresas de fachada, visando dissimular a origem dos recurso ilícitos; e, por último, o núcleo financeiro, em que criminosos emprestam as contas bancárias ou o nome para abertura de empresas de fachada, em troca de um percentual dos valores depositados nas contas.