Um estudo divulgado ontem por cientistas e ambientalistas lançou um "alerta vermelho" para a possibilidade de o desmatamento da Amazônia ter chegado a um ponto de não retorno. O estudo recomenda ainda uma moratória imediata na derrubada da floresta em áreas que já estão atingindo o ponto de inflexão.
Os autores afirmam que as recomendações e informações do estudo oferecem caminhos a formuladores de políticas e governos na busca do desenvolvimento sustentável da região. O documento destaca a importância da ciência, da tecnologia, da inovação, dos povos indígenas e do conhecimento local para orientar as tomadas de decisão e a formulação de políticas.
De acordo com o relatório, a Amazônia abriga 47 milhões de pessoas, incluindo 2,2 milhões de Indígenas, distribuídos em mais de 400 grupos que falam mais de 300 línguas. "Essas pessoas, populações indígenas e comunidades locais desempenham um papel fundamental na conservação e na gestão sustentável da diversidade agrícola e biológica da Amazônia, bem como dos ecossistemas. No entanto, os povos amazônicos, suas culturas e conhecimentos estão sob ameaça devido às múltiplas pressões e ao enfraquecimento da proteção de seus direitos", afirma o documento.
"Salvar as florestas do desmatamento e degradação contínuos e restaurar os ecossistemas é uma das tarefas mais urgentes de nosso tempo para preservar a Amazônia e suas populações, e enfrentar o risco global e os impactos das mudanças climáticas", afirmou Mercedes Bustamante, uma das autoras do estudo. "O mosaico de ecossistemas amazônicos se estende desde os altos Andes até a planície amazônica e abriga a biodiversidade mais extraordinária da Terra, com mais de 10% das espécies vegetais e animais em todo o mundo."
De acordo com o trabalho, aproximadamente 17% das florestas amazônicas foram convertidas para outros usos da terra, e, pelo menos, outros 17% foram degradados. Os especialistas estimam que 366.300 km 2 de florestas foram degradados entre 1995 e 2017, e todos os anos milhares de hectares de florestas, a maioria degradadas, queimam em toda a Bacia Amazônica à medida que os incêndios escapam de pastagens próximas ou áreas recentemente desmatadas.
* Estagiária sob supervisão de Odail Figueiredo