Jornal Estado de Minas

VIOLÊNCIA

Intimado por ameaça com arma em pizzaria, médico não compareceu à delegacia

O médico radiologista Thiago Zacariotto Lima Alves, 41 anos, foi intimado a comparecer à delegacia para prestar esclarecimentos depois de sacar uma arma e ameaçar o dono e os funcionários de uma pizzaria no Distrito Federal, no domingo (26/9). O homem teria se descontrolado com a demora na entrega de uma pizza, solicitada por um aplicativo, e foi ao estabelecimento com uma arma, que não teve a origem esclarecida até o momento. O proprietário da pizzaria registrou um boletim de ocorrência, mas Thiago ainda não compareceu à polícia, e sua defesa também não se manifestou.





Descrito como um homem simpático e tranquilo pelos vizinhos, essa não foi a faceta demonstrada pelo médico no incidente. Em entrevista, o empresário ameaçado contou que o cliente havia esquecido de atualizar o endereço de entrega no aplicativo, com isso o pedido não tinha chegado. A reportagem apurou que o médico havia se mudado para um novo endereço, na 112 Sul, três dias antes da data do ocorrido.

Improbidade

Não é a primeira vez que o profissional de saúde é investigado. O Correio Braziliense revelou que, em 2016, o Ministério Público do Estado do Maranhão (MPMA) solicitou a condenação de Thiago pelo crime de improbidade administrativa. Em 2013 e 2014, quando ocupava a função de secretário Municipal de Saúde de Santa Inês (MA), na administração de seu pai José de Ribamar Costa, que era prefeito da cidade, eles teriam contratado servidores sem concurso público, fora dos casos previstos em lei. Uma odontóloga, que era funcionária da administração teria colaborado com os atos. Na justificativa do MP, os envolvidos ofenderam o princípio de moralidade administrativa, "na medida que não coadunam com os fundamentos éticos da boa administração". A sentença ainda não foi definida pela Justiça. O Ministério Público pediu a condenação dos três por improbidade administrativa.

A reportagem também noticiou que o profissional de saúde teria contratado mais de R$ 1,2 milhão em serviços sem licitação no período em que foi secretário no Maranhão. Outra denúncia do MPMA detalha quais foram os serviços contratados, como a locação de um imóvel na Rua das Laranjeiras, avaliado em R$ 42.500, o arrendamento das instalações e equipamentos do Hospital Municipal Tomás Martins (R$ 658.680), serviços de assessoria contábil (R$ 147 mil), serviços médicos de ortopedia (R$ 34.450), aquisição de confecção de materiais impressos gráficos (R$ 72.150), além de outros serviços médicos prestados em densitometria, tomografias e mamografias, que totalizaram um gasto de mais de R$ 117 mil.




Câmeras de segurança da pizzaria registraram o momento das ameaças aos funcionários (foto: Reprodução/Divulgação)

Ameaça

Além dos imbróglios administrativos, em 2015, ele foi acusado de intimidação pela mãe da namorada. Em outubro daquele ano, ela procurou a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) e relatou que foi ameaçada e xingada por Thiago, depois que a filha o levou para morar na residência da família, no Lago Sul, sem a mãe saber. Ao se posicionar de maneira contrária a situação, a vítima afirmou que ele teria desferido palavras intimidatórias e ameaçadoras. "Eu faço luta marcial (...). Bando de gays e cachorros. Vocês têm de construir uma casa aqui para mim!", disparou o acusado. A filha da vítima teria presenciado toda a situação e não não reagiu. Em outro dia, em que a mulher proibiu o médico de entrar na casa, a filha teria agredido a mãe com tapas e murros. A idosa, de 67 anos, chegou a pedir na delegacia as medidas protetivas com urgência.

Agora, a polícia do DF investiga a agressão do médico na pizzaria. Vídeos mostram o momento em que ele tira a arma da cintura e coloca sobre o balcão. Nervoso, Thiago chegou ao estabelecimento aos gritos, como detalha o proprietário. "Ele disse que não aceitaria e, mesmo lá, no estabelecimento, exigiu que o lanche fosse entregue na casa dele. Eu tentei amenizar a situação, coloquei os funcionários para fazer as duas pizzas imediatamente, mas não foi o suficiente", contou.

Quando o médico saiu da pizzaria os funcionários foram alertados pelo dono de que, caso ele retornasse, era preciso acionar a Polícia Militar. O médico voltou minutos depois, ainda mais irritado. O empresário conta que conseguiu convencer o médico a levar as pizzas e, por fim, ele teria pedido desculpas. A PM chegou, mas o homem havia ido embora. Segundo o delegado adjunto da 1ª DP, Maurício Iacozzilli, as investigações seguem em andamento.

A reportagem entrou em contato com o médico e esteve no prédio onde ele mora com a mulher. Porém, ele não estava em casa e não atendeu ou respondeu às mensagens enviadas pela reportagem. O espaço permanece aberto para manifestações.




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