Crianças de todo o Brasil, provavelmente, já tiveram medo de ir ao banheiro da escola e se deparar com a "Loira do banheiro". O que muitos não sabem é que a lenda nacional surgiu de uma história real que aconteceu no século 19.
Tudo teve início com a morte de uma jovem de 26 anos que morou em uma mansão em São Paulo. Na casa, de muros altos e elegância arquitetônica, hoje funciona a escola Escola Estadual Conselheiro Rodrigues Alves, que leva o nome do quinto presidente do Brasil, que nasceu na cidade. Reza a lenda, que até hoje os alunos veem a loira do banheiro pelas janelas do prédio. O edifício, que fica em Guaratinguetá, é tombado como monumento estadual de valor histórico e arquitetônico desde 1985.
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Na mansão viviam o Visconde de Guaratinguetá e sua filha, Maria Augusta. Em 1880, a jovem, que tinha 14 anos, foi forçada a se casar com o Conselheiro Dutra Rodrigues, que era 21 anos mais velho.
Pouco após se casar, com apenas 18 anos, ela fugiu para Paris com o dinheiro obtido vendendo suas jóias. Morreu na Europa e seu corpo foi trazido ao Brasil de navio. Na viagem, o caixão da jovem foi violado por ladrões que queriam as jóias que estavam com o corpo. Com isso, o atestado de óbito dela sumiu e até hoje a causa da morte dela é desconhecida.
O corpo de Maria Augusta ficou exposto na casa em uma redoma de vidro enquanto o túmulo, onde ela está enterrada no cemitério de Passos, ficava pronto. O túmulo da jovem hoje é um ponto turístico na cidade.
Uma das versões para a morte de Maria Augusta é que ela morreu acometida pela raiva, que registrava muitos casos na Europa na época.
Anos depois, a mansão onde Maria Augusta viveu foi consumido por um incêndio considerado misterioso, em 1916. Na época, o prédio já tinha virado escola e teve que ser reconstruído. Em alguns depoimentos da época, testemunhas afirmam ter ouvido um piano tocar. O instrumento era tocado por Maria Augusta e até hoje é mantido na escola. Ainda hoje existem dúvidas sobre a origem do incêndio.
A lenda
A lenda descreve uma jovem loira, vestida de branco com algodão no nariz que aparece depois de ser invocada no banheiro. O rito para chama-la varia de lugar para lugar, mas pode ser chama-la três vezes em frente ao espelho ou dar descarga, por exemplo. A lenda urbana também pegou alguns elementos da lenda norte-americana Maria Sangrenta.
Na escola, a figura de Maria Augusta é conhecida por todos. Em uma revista comemorativa de 90 anos da instituição, em 1992, há um capítulo só sobre a história de Maria Augusta.
Em 2018, a história virou pano de fundo para o filme de comédia Exterminadores do Além contra a Loira do Banheiro. O longa de Fabrício Bittar é estrelado por Danilo Gentilli, Léo Lins e Dani Calabresa.