As pastagens ocupam 154 milhões de hectares de Norte a Sul do país, sendo a atividade que abrange a maior extensão no solo brasileiro, presente em todos os biomas. A área de pastos equivale praticamente a todo o estado do Amazonas (156 milhões de hectares) ou ainda a 6,2 estados de São Paulo ou mais de duas vezes e meia o tamanho da Bahia.
Os dados fazem parte de um mapeamento inédito da rede de pesquisadores MapBiomas, divulgado nesta quarta-feira (13/10).
De acordo com o estudo, Minas Gerais é o estado brasileiro com a quarta maior área de pastagens cultivadas (19,3 milhões de ha), atrás do Pará (21,5 milhões de ha), de São Paulo (21,5 milhões de ha) e Mato Grosso (21 milhões de ha).
Em termos percentuais, o bioma mais ocupado por pastagens cultivadas é a Mata Atlântica, com 25,7%, seguido por Cerrado (23,7%), Caatinga (23,1%), Pantanal (16%) e Amazônia (13,4%).
Os pesquisadores do Mapbiomas lembram que a área destinada à pecuária é maior ainda do que os 154 milhões de ha se considerar que a ela se somam parte das áreas de campos naturais, principalmente no Pampa e Pantanal, que cobrem 46,6 milhões de hectares no país, e áreas de mosaico de agricultura e pastagem, onde o mapeamento não permitiu a separação ou elas ocorrem de forma consorciada, cobrindo 45 milhões de hectares.
A análise das imagens de satélite entre 1985 e 2020 permitiu também avaliar a qualidade das pastagens brasileiras e constatar uma queda nas áreas com sinais de degradação de 70% em 2000 para 53% em 2020.
No caso das pastagens severamente degradadas, houve uma redução ainda mais expressiva; representavam 29% das pastagens em 2000 (46,3 milhões de ha) e agora representam 14% (22,1 milhões de ha).
Essa melhora foi identificada em todos os biomas, sendo que os que apresentaram maior retração nas áreas severamente degradadas foram Amazônia (60%), Cerrado (56,4%), Mata Atlântica(52%) e Pantanal (25,6%).
"A qualidade das pastagens tem importância estratégica para o produtor e para o país. Para o produtor, pela relação direta com a produtividade do rebanho, seja ele de corte ou de leite. Para o país, pela capacidade das pastagens bem manejadas de capturar o gás carbono", afirma o professor Laerte Ferreira, pró-reitor de pós-graduação da Universidade Federal de Goiás (UFGO) e coordenador do levantamento de pastagens do MapBiomas.
"Por outro lado, pastagens degradadas agravam a contribuição do setor agropecuário para as emissões dos gases que estão alterando o clima, com efeitos perversos sobre a própria atividade agropecuária", completa Laerte Ferreira.
De 1985 a 2020, pelo menos 252 milhões de hectares são ou já foram pastagem. De acordo com os pesquisadores do MapBiomas, a partir da análise de imagens de satélite, foi possível detectar duas fases distintas no processo de conversão que transformou quase um terço do país em pastagens nesse período.
Esse processo foi mais intenso entre 1985 e 2006, quando se registrou um crescimento de 46,3% na extensão ocupada por pastagens, que passou de 111 milhões de hectares para 162,4 milhões de hectares. Em meados dos anos 2000, a área total de pastagem parou de crescer e até encolheu, registrando uma retração de 5% de 2005 a 2020.
Essa aparente estabilidade esconde um intenso processo de mudança de uso de solo, com a conversão de áreas de vegetação nativa para pecuária e a ocupação de áreas já convertidas pela agricultura. No caso específico da Amazônia, as imagens de satélite mostram que a pecuária avançou, entre 1985 e 2020, 38 milhões de hectares - um aumento de cerca de 200%.
Esse crescimento fez com que a Amazônia seja o bioma com maior extensão de pastagens cultivadas, com 56,6 milhões de hectares, seguido por Cerrado (47 milhões de hectares), Mata Atlântica (28,5 milhões de hectares), Caatinga (20 milhões de hectares) e Pantanal (2,4 milhões de hectares).
O estudo do MapBiomas mostrou que agricultura e pecuária ganharam 81,2 milhões de hectares entre 1985 e 2020 - um crescimento de 44,6%. As atividades agropecuárias cresceram em cinco dos seis biomas brasileiros, com exceção da Mata Atlântica.