A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) reiterou a importância do passaporte vacinal no boletim do Observatório COVID-19 divulgado hoje (29/10) e indicou a exigência da imunização contra a COVID-19 nos diversos ambientes de trabalho. O texto destaca que os benefícios da proteção coletiva não são só para os trabalhadores, mas para suas famílias, crianças, colegas de trabalho e para a comunidade.
"Em um momento em que muitos defendem o direito de não se vacinar, defendemos o direito da maior parte da população, que incorporando os cuidados preconizados, deseja retomar, da forma mais segura possível, suas rotinas no trabalho, escolas, universidades, cinemas, teatros, estádios de futebol, academias, restaurantes, lojas comerciais e tantos outros espaços", diz o texto, que considera fundamental que empregadores e trabalhadores avancem conjuntamente em campanhas, estimulando e induzindo a adoção do passaporte de vacinas nos diversos ambientes de trabalho.
"Estamos ainda em uma pandemia e, em nome da proteção coletiva, consideramos legítimas as restrições de empregadores, escolas, companhias de transporte, estabelecimentos culturais e comerciais à circulação de pessoas não vacinadas nos seus espaços."
A Fiocruz argumenta que, considerando experiências internacionais, a vacinação em massa deve ser associada à implementação do passaporte vacinal e medidas como o uso de máscaras em locais fechados e abertos com aglomeração, distanciamento físico e higiene constante das mãos. Além disso, os pesquisadores da fundação reafirmam a importância de manter a qualidade do ar no ambiente de trabalho.
"Não podemos deixar de assinalar que cabe a empregadores, gestores de escolas, empresas de transporte e estabelecimentos culturais e comerciais, cuidados no sentido de garantir as melhores condições ambientais desses espaços, com adequações para a instalação de filtros e melhor circulação do ar".
O boletim alerta ainda que o relaxamento das medidas de distanciamento físico tem aumentado a concentração de pessoas em ambientes fechados e preveem que essa circulação tenderá a crescer ainda mais nos meses de novembro e dezembro, com as festas de fim de ano.
Estabilidade
A análise divulgada hoje mostra que a pandemia continua em um quadro de estabilidade de novos casos e óbitos. No período de 10 a 23 de outubro, o número de novos diagnósticos subiu 2,7% ao dia, enquanto o de óbitos caiu 0,1%.
"Considerando a série histórica recente, os dados mostram a manutenção da tendência de redução dos impactos da Covid-19 no país, que vem se mantendo numa taxa de decréscimo entre 1 e 2 % ao dia ao longo das últimas 18 semanas".
Em relação às internações, o boletim mostra que 25 estados estão fora da zona de alerta, com menos de 60% dos leitos de terapia intensiva ocupados no Sistema Único de Saúde (SUS). As únicas exceções são o Distrito Federal e o Espírito Santo, ambos com o percentual de 71%. Com a queda no número de internações, o número de leitos destinados ao tratamento de quadros de covid-19 tem sido reduzido em todo o país.
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A Fiocruz chama a atenção que, apesar de o Brasil já ter 53% da população com esquema vacinal completo, alguns estados estão longe da marca de 50% da população com duas doses ou dose única. São Paulo é o estado que lidera a vacinação, com cerca de 80% da população com a primeira dose e 65% com a segunda dose ou dose única.
Mato Grosso do Sul (62,9%), Rio Grande do Sul (57,1%), Santa Catarina (54,5%), Paraná (53,9%), Espírito Santo (52,8%) e Minas Gerais (50,7%) também estão com mais da metade da população com esquema vacinal completo. Já Roraima (28%) e Amapá (27,4%) não superaram os 30%.
Idosos são oito em cada 10 mortes
O boletim mostra que a proporção de idosos entre as mortes por covid-19 atingiu 81,9%, o maior percentual desde o início de 2021. O aumento dessa proporção vem ocorrendo de forma progressiva conforme a vacinação avança na população adulta e, diante disso, a Fiocruz recomenda que a idade precisa ser considerada como um aspecto de vulnerabilidade, que requer manejo clínico e vigilância diferenciados.
Segundo o boletim, a probabilidade de um idoso internado por covid-19 ir a óbito é 2,5 vezes maior que um adulto, o que exige medidas para evitar o atraso diagnóstico. "A observação de sintomas por faixa etária precisa ser pesquisada, e a resposta dos idosos aos protocolos de tratamento de adultos precisa ser avaliada", dizem os pesquisadores, que recomendam: "Para aqueles que ainda não fizeram a dose de reforço, a recomendação é que atualizem seus esquemas vacinais com urgência".