Jornal Estado de Minas

MORTE NO AUGE

Avião caiu a 4 km da pista


Às 13h02 dessa sexta-feira, o avião que transportava Marília Mendonça e sua equipe deixava o Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia. Foram aproximadamente duas horas e meia de voo, até que por volta das 15h30 a aeronave caiu, faltando apenas quatro quilômetros para chegar até a cabeceira do Aeroporto de Ubaporanga, que atende aos moradores de Caratinga. O piloto, inclusive, fazia os procedimentos finais de pouso.





O avião, de prefixo PT-ONJ, pertence à PEC Táxi Aéreo, sediada em Goiânia. Trata-se de um King Air C90A, com capacidade para seis passageiros. A aeronave, que é turboélice e bimotor, foi fabricada em 1984 e tinha autorização para operar em regime de fretamento, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) também era válido, segundo o órgão.

Antes de cair, o avião atingiu fios de alta tensão da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). Alguns cabos passam na reta da pista do Aeroporto de Ubaporanga. Notificações feitas por pilotos aos órgãos responsáveis pela aviação no Brasil falavam de um "obstáculo que violava o plano básico de zona de proteção" do aeroporto. Uma antena e uma torre, por exemplo, foram citadas pelos profissionais.

Com alguns cabos de alta tensão rompidos, a Cemig informou que cerca de 33 mil clientes de municípios como Mutum, Pocrane e Ipanema ficaram sem energia elétrica nessa sexta. A linha atingida foi a Caratinga 1 - Ipanema 69KV.





Hoje,  uma equipe do 3º Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa - 3), ligado ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), deve chegar ao local do acidente. Os investigadores, que são do Rio de Janeiro, devem fotografar cenas, recolher partes do avião e ouvir testemunhas, além de reunir documentos da aeronave. Tudo isso faz parte dos trabalhos iniciais.


De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), não há um tempo determinado para essa atividade ser concluída, uma vez que depende da complexidade da ocorrência. Além disso, as investigações não têm caráter criminal, uma vez que o objetivo dos trabalhos é para que haja a prevenção de novos acidentes com características semelhantes. Após o final das investigações, como de praxe, um relatório será divulgado com todos os fatores que influenciaram no acidente e o que pode ser feito para evitar novas tragédias, de acordo com o que for listado.

EMPRESA AÉREA 


Horas depois do acidente, a PEC Táxi Aéreo se manifestou por meio de uma rede social e lamentou o acidente, bem como as cinco mortes causadas pela queda do avião. Na nota, a empresa disse que a aeronave envolvida na tragédia estava “plenamente aeronavegável”, com homologação na Anac, e que o piloto e o copiloto tinham todos os treinamentos atualizados, com experiência em voos.





A empresa disse que acionou as autoridades competentes para o resgate assim que soube da queda do voo. Em relação às causas do acidente, a PEC evitou entrar em detalhes, dizendo que os motivos são "incertos" e que serão devidamente apurados pelas autoridades aeronáuticas. "A PEC se coloca à disposição das autoridades e prestará os devidos auxílios aos familiares das vítimas", afirmou, em nota, se solidarizando com os amigos e entes dos mortos no acidente.

POSSÍVEIS IRREGULARIDADES

Segundo denúncia do Ministério Público Federal (MPF) em Goiás para a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a aeronave que transportava a cantora Marília Mendonça e quatro outros passageiros teria “irregularidades que colocam em risco tripulantes e passageiros”, conforme o texto.

O processo descreve ainda que a empresa nunca passou por auditoria, a fim de serem averiguadas as irregularidades. “É recorrente que a empresa coloque pilotos com jornada de voo estourada para voar, lançando mão do código da Anac de outro piloto com hora voo liberada, fato presenciado em diversos voos, tanto executivos quanto aeromédicos, na empresa".

Outras irregularidades listadas no documento incluem o descumprimento da regulamentação de pernoite dos tripulantes, instalação da maca, fiação elétrica e cabeamento de oxigênio destinados ao aeromédico precárias e fora das normas ideais de segurança, além da folga social dos pilotos.
(Com Camilla Germano)






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