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Estado de Minas TRAGÉDIA

'É uma área que todos evitam voar', diz piloto sobre acidente de Marília

Avião que levava cantora e equipe caiu em Serra de Piedade de Caratinga (MG). Aeronave estava em aproximação final para pouso no aeroporto de Ubaporanga


06/11/2021 16:40

Bombeiros buscam vítimas no avião que sofreu acidente
Avião com Marília Mendonça caiu faltando cerca de 4 quilômetros para chegar à cabeceira da pista (foto: Corpo de Bombeiros de MG / Divulgação)

"Aquela é uma área que todos os pilotos evitam voar. A gente não sabe por que ele decidiu ir por ali", comenta Rafael Lacerda, que trabalha há dez anos sobrevoando a área de Caratinga, no interior de Minas Gerais, onde a cantora  Marília Mendonça morreu na tarde desta sexta-feira, (05/11) após a queda do seu avião.

No início desta tarde, ele comandava um voo que partiu de Viçosa com destino ao município, aterrissando cinco minutos após a previsão de chegada da tripulação que levava a cantora.

Lacerda conta que usava uma frequência de rádio aberta pouco antes de chegar a Caratinga e conseguiu ouvir o piloto que transportava Marília Mendonça dando as instruções para o pouso.

"Ele reportou duas vezes que tinha ingressado na perna do vento, um procedimento que a gente usa para pousar. Só ouvi isso e, depois, mais nada. Aparentemente, o avião não estava em pane", relata.

No fim da tarde, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) confirmou em nota que o avião da cantora atingiu um cabo de uma torre de distribuição da companhia, mas não deixou claro qual seria o papel desse choque para a queda da aeronave.

Segundo Lacerda, os fios naquela região costumam atrapalhar o pouso, a ponto de ela ser evitada por quem conhece a área.

"Para nós que estamos acostumados, os fios não chegam a atrapalhar. Mas eles estão em um setor de muita aproximação e com o relevo muito alto, então é uma área que todos os pilotos evitam", relata.

"Quando eu pousei, passei por cima do local do acidente e não percebi o avião ali." Lacerda explica ainda que o tempo estava claro, com céu aberto, e o sol em uma posição "que não atrapalhava a visualização dos fios".

"A gente coordenou o pouso com ele, porque aterrissaríamos em um horário muito próximo. Eles estavam a um minuto do pouso", conta Glauco Souza, de 44 anos, que também estava a bordo do avião pilotado por Lacerda. "Só soubemos que ele caiu quando pousamos e vimos que ele não estava no aeroporto. Não ouvimos barulho, não vimos fumaça, sobrevoamos ali e não percebemos."

Destroços sugerem colisão com antena, diz polícia

A Polícia Civil afirmou, em entrevista coletiva na noite desta sexta-feira, que não têm condições de determinar a causa do acidente aéreo, mas encontrou destroços de uma antena de energia elétrica no local da queda da aeronave.

"A gente não pode falar sobre a causa do acidente. Há destroços de uma antena que sugere que o avião tenha colidido com essa antena", afirmou Ivan Salles delegado regional da Polícia Civil de Caratinga.

"A perícia compareceu ao local e fez os trabalhos. Amanhã continuam os trabalhos. Cabe à Polícia Civil acionar a Cenipa para saber as causas do acidente", completou.

Os policiais também foram cautelosos em relação à causa da morte dos ocupantes. "Foi um acidente com uma energia de grande impacto, que causou diversos traumas nos ocupantes", diz o médico legista Pedro Fernandes.


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