Detectada recentemente na África do Sul, a nova variante B.1.1.529 do Coronavírus tem causado preocupações sobre o seu risco à saúde. Descoberta pelo Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis da África do Sul (NICD), a nova cepa foi caracterizada pelo maior número de mutações detectadas até agora.
Até o momento, foram detectados 77 casos na Província de Gauteng, na África, e é cedo para afirmar o quão transmissível ou perigosa é a nova variante, mas cientistas e pesquisadores já se mostram preocupados. Por ser um caso recente, as pesquisas ainda estão em fase inicial.
Em entrevista à reportagem, o epidemiologista, Geraldo Cunha Cury, professor na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), afirmou que ainda é muito cedo para identificar a gravidade da situação, mas declara que assim como a variante delta, essa nova cepa pode sim se tornar um problema, principalmente se as pessoas não estiverem vacinadas.
"O que se sabe é que é um risco. É um risco porque na África do Sul, por exemplo, tem poucas pessoas vacinadas, o percentual de vacinação lá é muito baixo. Isso vira um caldo de produção de novas variantes", ressaltou Cunha.
Com a descoberta da nova variante, surgem perguntas em torno da vacinação e a sua eficácia contra a nova cepa. Geraldo acredita que em países com a vacinação mais avançada é esperado uma introdução menor da variante na população.
"Em países em que a vacinação está muito avançada, a chance da variante penetrar nessa população é muito menor. Não é falar que não existe, mas ela é muito menor", pontuou.
Nessa nova variante foram detectadas 50 mutações, principalmente na proteína do spike, onde foram contabilizadas mais de 30. Segundo o epidemiologista, esse é um local comum de muitas mutações, mas ainda assim, não se pode presumir o nível de adoecimento da população apenas pela quantidade de mutações. Contudo, ele alerta que na África do Sul, a nova variante já tem predominado até mesmo em relação a variante delta.
"É uma coisa que chama muita atenção e requer muito cuidado. Volta a questão central. Rapidamente as pessoas têm que ser vacinadas com as duas doses e os adultos com a dose de reforço, inclusive como já foi determinado pelo Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC)", finalizou.
*Estagiário sob supervisão do subeditor Frederico Teixeira