O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) abriu nesta segunda-feira (13/12), um processo interno de apuração sobre as denúncias da influenciadora Shantal Verdelho, que afirma ter sido vítima de violência obstétrica por parte do médico obstetra Renato Kalil. O médico nega e diz que tomará 'providências jurídicas' por 'ataques à sua reputação'
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AGU quer 'comprovante de recuperação' da covid como alternativa ao passaporte da vacinaQueiroga confirma novo ataque hacker ao site do Ministério da SaúdeBrasil tem 65,41% da população com a vacinação completa contra a covidVídeo: trava de assento se solta em montanha-russa do Hopi HariEm trecho do vídeo vazado, é possível ver o médico dizendo para Shantal 'fazer força' soltando um palavrão, que ela rebate: "Eu estou fazendo. Eu sou a maior interessada nisso". A influenciadora diz que era seu sonho ter um parto normal, por isso ao final tinha se sentido feliz por ter conseguido - o que mudou ao ver o vídeo gravado pelo marido, Mateus. "Depois que eu vi tudo, foi muito horrível. Quando mostrei o vídeo pra minha mãe e pra minha terapeuta, todo mundo chorou. Foi um show de horrores", diz na gravação.
Ela afirma, ainda, que o médico a teria 'rasgado com a mão' pois tinha a intenção de provar que ela deveria fazer a episiotomia, um procedimento que consiste em uma incisão no períneo, região entre o ânus e a vagina, para facilitar a passagem do bebê. A Cartilha da Violência Obstétrica, feita pela Promotoria Pública de Mato Grosso do Sul neste ano, coloca a realização da episiotomia sem necessidade como uma das formas de violência obstétrica.
Na gravação, diz que o médico falou de suas partes íntimas ao marido. "Ele chamou meu marido e disse: 'olha aqui, ela está toda arrebentada, vou ter que dar um monte de ponto na parereca dela'. Ele falava: 'olha aí onde você faz sexo, está tudo fodid*'. Ele não tinha que mostrar isso pro Mateus, ele nem sabia se a gente tinha essa intimidade", desabafa no áudio.
Violência obstétrica é o termo que caracteriza qualquer ofensa verbal ou física praticada contra mulheres gestantes, em trabalho de parto ou no período do puerpério - seja praticado pelo médico, pela equipe hospitalar, por familiar ou acompanhante. Em 2014, a violência obstétrica foi reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma questão de saúde pública que afeta diretamente as mulheres e seus bebês.
O médico afirmou, em nota, que a íntegra do vídeo mostra que "não há nenhuma irregularidade ou postura inapropriada durante o procedimento" e que Shantal teria "elogiado o procedimento em suas redes sociais durante trinta dias após o parto".
Shatal afirma, também, que o médico teria revelado, pelos stories do Instagram, o sexo do bebê sem o consentimento da mãe. Ele teria sido avisado que a influenciadora queria manter segredo pela fisioterapeuta no momento em que gravava o vídeo. Ao responder, ele teria chamado Shantal de 'mimada' e se negado a apagar a postagem.
Com isso, a influenciadora afirma que ele quebrou o sigilo médico e 'tirou seu direito' de contar pessoalmente aos familiares. Ela lamenta que sua irmã soube o sexo da recém-nascida pelo perfil do médico na rede social. Além disso, diz ter descoberto que ele 'falou da sua vagina' para outras pessoas, dizendo que 'estava arregaçada'.
No último domingo, 12, a assessoria da influenciadora afirmou, pelo Instagram, que ela se afastaria das redes sociais 'para estar em família'. "Após toda a repercussão do caso e por estar com uma bebê recém-nascida, Shantal não está confortável em se pronunciar no momento", afirmou em nota. A influenciadora foi procurada pela reportagem, mas não respondeu até o fechamento desta matéria.
COM A PALAVRA, RENATO KALIL
"O dr. Renato Kalil é médico obstetra ginecologista há 36 anos, sendo um dos médicos mais reconhecidos do Brasil. Ao longo de sua carreira, já efetuou mais de 10 mil partos, sem nenhuma reclamação ou incidente. O parto da sra. Shantall aconteceu sem qualquer intercorrência e foi elogiado por ela em suas redes sociais durante trinta dias após o parto.
Surpreendentemente, o dr. Renato Kalil começou a receber nos últimos dias ataques com base em um vídeo editado, com conteúdo retirado de contexto.
A íntegra do vídeo mostra que não há nenhuma irregularidade ou postura inapropriada durante o procedimento. Ataques à sua reputação serão objeto de providências jurídicas, com a análise do vídeo na íntegra."
COM A PALAVRA, O CREMESP
"O Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) informa que já apura o caso citado. As investigações tramitam sob sigilo determinado por Lei. Somente após o trânsito em julgado de penas que são públicas, o Conselho pode revelar detalhes sobre a parte denunciada."