A consulta pública inédita sobre vacinação contra a COVID-19 para crianças entre 5 e 11 anos, além de especialistas da saúde que destacam o procedimento incomum e as tentativas de protelar a imunização, recebeu várias críticas de quem acessou o formulário disponível no site do Ministério da Saúde.
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A médica Ana Beatriz Araújo Neves tem dois filhos, Álvaro, de 8 anos, e Otávio, de 5. "Tentei somente uma vez e apareceu a mensagem de que o número máximo de pessoas já havia respondido ao formulário. Acho muito importante a vacinação das crianças. Meus filhos serão vacinados assim que for possível."
Já na abertura do formulário a pergunta sobre como ficou sabendo da consulta pública não inclui a opção "imprensa". Já nas perguntas que tratam diretamente da imunização seguem o seguinte roteiro:
- Você concorda com a vacinação em crianças de 5 a 11 anos de forma não compulsória conforme propõe o Ministério da Saúde?
- Você concorda com a priorização, no Programa Nacional de Imunização, de crianças de 5 a 11 anos com comorbidades consideradas de risco para COVID-19 grave e aquelas com deficiência permanente para iniciarem a vacinação?
- Você concorda que o benefício da vacinação contra a COVID-19 para crianças de 5 a 11 anos deve ser analisado, caso a caso, sendo importante a apresentação do termo de assentimento dos pais ou responsáveis?
- Você concorda que o benefício da vacinação contra a COVID-19 para crianças de 5 a 11 anos deve ser analisado, caso a caso, sendo importante a prescrição da vacina pelos pediatras ou médico que acompanham as crianças?
- Você concorda com a não obrigatoriedade da apresentação de carteira de vacinação para que as crianças frequentem as escolas ou outros estabelecimentos comerciais?
A consulta estará disponível até 2 de janeiro e qualquer pessoa pode participar preenchendo o formulário online. Conforme publicado no Diário Oficial da União, o período é aberto para que "sejam apresentadas contribuições, devidamente fundamentadas".
O governo federal deverá comprar novas vacinas com outra formulação. Para o caso do público infantil, trata-se de 1/3 da fórmula aprovada o Brasil. A autorização já foi concedida pelas agências regulatórias dos Estados Unidos e União Europeia.
A Pfizer, produtora do imunizante, garantiu que a vacina é segura e mais de 90,7% eficaz na prevenção de infecções em crianças de 5 a 11 anos. O estudo acompanhou 2.268 crianças de 5 a 11 anos que receberam duas doses da vacina ou placebo, com três semanas de intervalo.
Em nota, o Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais (CRF/MG) demonstrou "preocupação em relação ao posicionamento do Governo Federal de não iniciar imediatamente a vacinação contra a COVID-19 em crianças com idade entre 5 anos e 11 anos". E lembra que a medida já foi adotada em mais de 16 nações.
Para a presidente do CRF/MG, Júnia Célia de Medeiros, "não haveria necessidade de se colocar esse tema tão importante para ser decidido em uma consulta pública. A vida de milhões de crianças não pode ficar à mercê de consultas públicas e outras burocracias, quando o que se precisa é de ação e agilidade no processo”, defende.
Segundo ela, os farmacêuticos dedicam anos de estudos e são profissionais diretamente envolvidos com o desenvolvimento, produção e análise das vacinas. “Por isso, nos vimos na obrigação de esclarecer e mobilizar a população para que defenda a vacinação de crianças contra a COVID-19”, enfatizou.
Segundo o CRF/MG, a imunização contra a COVID-19 é um dever do governo e um direito de todo cidadão. "Levantar dúvidas sobre a qualidade das vacinas é um demérito a toda história do Programa Nacional de Imunização do Brasil e uma tentativa descabida de politizar um assunto de saúde pública. A vacinação de crianças é crucial para o controle da pandemia. As crianças podem se contaminar com o novo coronavírus e, mesmo assintomáticas, transmitir a doença para o seu núcleo social, como pais e avós, que podem ser mais suscetíveis ao desenvolvimento de sintomas graves."
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