Diante das recentes declarações do presidente da República, Jair Bolsonaro, e do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, sobre a vacinação contra a COVID-19 de crianças, a Sociedade Brasileira de Pediatria divulgou uma nota nesta sexta-feira (24/12) para rebater o que foi dito pelas autoridades e demonstrar apoio mais uma vez à imunização de crianças.
A nota nega que o número de mortes pela COVID-19 na população pediátrica do Brasil esteja em "patamares aceitáveis", como indicou o ministro Queiroga na última quinta (24), quando disse que "os óbitos de crianças estão dentro de um patamar que não implica em decisões emergenciais".
"Infelizmente, as taxas de mortalidade e de letalidade em crianças no Brasil estão entre as mais altas do mundo. Até o momento, a COVID-19 vitimou mais de 2.500 crianças de zero a 19 anos, sendo mais de 300 delas confirmadas no grupo de 5-11 anos, causando ainda milhares de hospitalizações", diz a nota.
A sociedade pediátrica ainda lembra que as crianças que são infectadas pelo novo coronavírus ainda podem manifestar uma síndrome inflamatória multissistêmica semanas após a infecção pelo SARS-CoV-2. Ao menos 1.400 casos desta síndrome foram identificados em crianças do Brasil, segundo a entidade.
Diante desse cenário, a Sociedade Brasileira de Pediatria reforça, mais uma vez, a necessidade de uma campanha de vacinação contra a COVID-19 para crianças de 5 a 11 anos. Em 16 de dezembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) atestou a qualidade, eficácia e segurança do imunizante da Pfizer para este público.
No entanto, o Ministério da Saúde ainda espera concluir uma consulta pública em andamento desde quinta (23/12) até 2 de janeiro para se manifestar sobre a imunização deste grupo. Especialistas criticam a atitude, que atrasa a vacinação de crianças no país.
"A sociedade espera e merece outro tipo de postura e de compromisso com a saúde das crianças e adolescentes do Brasil", pede a nota.