Pesquisa Datafolha, divulgada pelo jornal "Folha de S.Paulo" neste sábado (15/1), mostrou que um em cada quatro brasileiros com 16 anos ou mais assegurou ter testado positivo para COVID-19 desde o início da pandemia do novo coronavírus. O levantamento representa 42 milhões de pessoas infectadas.
Conforme a pesquisa, 25% dos entrevistados confirmaram infecção pelo SARS-CoV-2, o que leva ao número de 41,95 milhões de contaminados desde março de 2020.
Comparado aos dados oficiais coletados e divulgados pelo consórcio de imprensa até o último dia 13 de janeiro, a diferença é gritante. Números oficiais registram 22,8 milhões de casos de pessoas com COVID-19 em quase dois anos de pandemia.
Mas a pesquisa Datafolha faz uma ressalva. Enquanto os dados oficiais de casos positivos englobam todas as idades, no levantamento Datafolha o universo consultado é de quem tem mais de 16 anos. O que confirma uma subnotificação mais alarmante ainda no Brasil.
Os dados do Datafolha, aliás, apontam ainda que a subnotificação só cresce. A pesquisa indica ainda que 3% dos entrevistados disseram ter COVID-19 nos últimos 30 dias, o que representa 4 milhões de pessoas. O número é o seis vezes o que indicam os registros oficiais no mesmo período (62.530 casos positivos).
Especialistas apontam que tamanha diferença tem relação com o apagão diante do ataque de hackers aos sistemas do Ministério da Saúde, somado a chegada da variante Ômicron no país.
Outro sinal de alerta percebido na pesquisa do Datafolha é que o número de pessoas com sintomas que podem ser de COVID-19 é enorme, bem maior do que daqueles que dizem ter sido infectado pelo SARS-CoV-2. Dos entrevistados, 30% disseram ter tido tosse e nariz entupido, 22% relataram febre e 9% falta de ar nos últimos 30 dias. Dados preocupantes, já que apenas 17% dos entrevistados foram fazer exame para saber se têm a doença.
Em mais um recorte da pesquisa, o Datafolha comprovou que a classe de maior renda testou mais positivo: 37%, com renda superior a 10 salários mínimos, confirmaram o diagnóstico. E quem recebe até 2 salários, 19% foram infectados.
A pesquisa também mostrou que os jovem têm sido mais contaminados. São 28% na faixa entre 16 e 24 anos; 29% entre 25 e 34 anos e 31% entre 35 e 44 anos. A proporção cai para 25% entre 45 e 59 anos, assim como para 60 anos ou mais.
A pesquisa é mais uma alerta sobre o grande problema do Brasil, desde o início da pandemia, que é a precariedade quanto a testagem da população. Sem testar é impossível ter uma visão real do vírus no país e, assim, não há controle ou ideia do tamanho do problema, da gravidade da situação. Sem falar que o país não tem sequer padronização para envio de dados de testes positivos para serem contabilizados pelo governo federal, conforme especialistas, além daqueles feitos de forma rápida em farmácias ou unidades volantes que não entram nas estatísticas oficiais.
Vale registrar que a pesquisa ocorreu entre os dias 12 e 13 de janeiro com 2.023 pessoas em todos os estados. Com margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.