Jornal Estado de Minas

PANDEMIA

Com alta média móvel, pandemia pode demorar a ir embora do Brasil


O aumento de casos de covid-19 por causa da variante ômicron é visto no Brasil desde o início deste ano. A cepa já é responsável por 90% dos casos da doença e fez com que o país voltasse a bater recordes da média móvel de casos. Na Europa, a contaminação de grande parte da população é vista como uma nova fase da pandemia, que pode levar ao fim da crise sanitária. No entanto, especialistas alertam que o desfecho no Brasil pode ser diferente dos países europeus.





Para o epidemiologista e vice-coordenador da sala de situação da Universidade de Brasília (UnB) — que monitora a pandemia desde o início —, Mauro Sanchez, "não se pode esperar que, neste ano, a gente tenha as mesmas condições que os países desenvolvidos de tornar a covid-19 uma doença endêmica. Não depende só do nível de imunização, seja pela vacina ou a imunidade conferida pela infecção natural. Existem outros fatores", explicou.

Segundo Sanchez, no Brasil a disponibilidade de insumos e aplicação de medidas é menos eficaz do que nos países europeus. "A primeira coisa que para nós não é exatamente igual é a rapidez para a disponibilidade das vacinas. A segunda, são os medicamentos antivírus, que estão começando a aparecer e estão começando a ser aprovados. Eles vão ajudar a minimizar a gravidade da situação quando se tem uma sobrecarga de internações. Mas esses medicamentos vão ficar disponíveis com mais rapidez nos países europeus", disse.

Além disso, o epidemiologista considera que a aplicação das medidas de prevenção contra a doença foi mais difícil no Brasil. "Na Europa, os governantes orientaram a população a usar máscaras, a ficar em casa e a só sair quando necessário. Aqui, a desigualdade social e realidade econômica não permitem que as pessoas tenham espaço para seguir grande parte das recomendações. A gente não tem a possibilidade de adotar essas e outras medidas com a rapidez dos países envolvidos", salientou.

Para reforçar a distância que separa o Brasil dos principais países europeus, dados divulgados pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) mostram que o Brasil registrou, entre o domingo e ontem, 259 mortes pela covid-19 — há uma semana, foram 121. Assim, o país acumula 623.356 vidas perdidas para a doença.



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