Ao contrário do que diz uma portaria do Ministério da Saúde, o chefe da pasta, Marcelo Queiroga, afirmou que a hidroxicloroquina não possui eficácia comprovada contra a COVID-19. A declaração vai na direção oposta do que afirma a portaria assinada pelo secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos da pasta, Hélio Angotti Neto. O documento diz que há efetividade e segurança no uso de hidroxicloroquina no tratamento contra a doença, hipótese amplamente discutida e descartada pela comunidade científica.
O próprio ministro da Saúde reconhece isso. "Essas medicações foram utilizadas no começo da pandemia e, na época, era chamado de uso compassivo, todos usaram. Posteriormente, viu-se que nessas situações essa medicação não era mais aplicável e foi testada em outros contextos, né? Essas medicações, inclusive eu já falei, são medicações cuja evidência científica da sua eficácia ainda não está comprovada", disse em entrevista ao programa Sem Censura, da TV Brasil, nessa segunda-feira (24/1).
Queiroga ainda ressaltou, durante a entrevista, que cabe recurso contra a decisão tomada pelo secretário de Ciência e Tecnologia, que na prática não descarta o uso da hidroxicloroquina no tratamento do coronavírus. "Em relação a essa portaria do secretário Hélio Angotti, cabe recurso dessa decisão a ele mesmo e, se não houver o acolhimento do recurso, cabe ao ministro da Saúde decidir", disse.
O Comitê Extraordinário de Monitoramento da COVID-19 da Associação Médica Brasileira (AMB) pediu ontem ao ministro da Saúde a anulação da portaria. A Associação Médica Brasileira (AMB) explicou que não existem mais dúvidas científicas sobre a não eficácia de hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina e outros medicamentos no tratamento da COVID-19.
O uso do chamado 'kit COVID' também foi parar na Justiça. A Rede Sustentabilidade e um grupo de parlamentares acionaram o Judiciário pedindo o "afastamento imediato" de Angotti Neto.