O túnel do metrô que estava sendo escavado foi inundado e um grande trecho da marginal está interditado, sem previsão para a liberação. O governador João Doria (PSDB) disse que determinou a apuração imediata das causas do acidente e pediu um plano de normalização do tráfego à Prefeitura de São Paulo.
A Secretaria dos Transportes Metropolitanos e a Acciona, empresa responsável pela obra, informaram que houve o rompimento de uma coletora de esgoto próximo a um poço de ventilação das obras. Disseram também que equipes técnicas estão no local para apurar os fatos. "Todas as medidas de contingência já foram tomadas", diz a nota.
O acidente deve atrasar ainda mais a previsão de entrega das obras - que já tinha sido adiada para 2021 e depois para 2025.
A linha 6 Laranja na verdade é uma promessa antiga do governo de São Paulo. Quando foi projetada, chegou a ser prometida para 2013 e depois para 2017. Quando as construções começaram, em 2015, o plano era entregar as obras em 2020.
As obras, no entanto, ficaram paralisadas durante quatro anos (entre 2016 e 2020) por causa de problemas na PPP (Parceria Público-Privada) entre o governo do Estado de São Paulo e o consórcio Move São Paulo, responsável pela construção.
O consórcio era formado pelas construtoras Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC, que tiveram dificuldade em obter financiamento para as obras por causa de seu envolvimento nos casos investigados pela operação Lava Jato. Quando as obras foram paralisadas, em 2016, o consórcio havia concluído apenas 15% do projeto.
Em 2018, após dois anos de obras paralisadas, o governo de São Paulo declarou a caducidade da PPP. Posteriormente, o grupo espanhol Acciona adquiriu o direito do consórcio anterior para a construção da linha e passou a ser responsável pelas obras, retomadas em outubro de 2020.
Controvérsias antigas
Projetada para fazer a ligação entre a região da Vila Brasilândia, na zona norte de São Paulo, e a região de São Joaquim, no centro, a linha Laranja está prevista para ter cerca de 15 km no total e atender diariamente cerca de 630 mil.
A linha foi envolta em polêmicas antes mesmo do início da construção, em 2015, ou do anúncio de que o projeto seria uma PPP, em 2012.
Em 2011, o governo de Geraldo Alckmin mudou o endereço de uma estação que estava prevista para ser construída em Higienópolis, bairro nobre da capital paulista, após alguns moradores se posicionarem contra a construção na avenida Angélica, uma das principais vias do bairro.
Na época, moradores disseram ao jornal Folha de São Paulo que temiam a "degradação" da área com a construção do metrô, que permitiria o acesso de "pessoas diferenciadas" ao local. As declarações geraram enorme polêmica e protestos de outros paulistanos, mas o governo manteve a mudança e justificou dizendo que se tratava de um plano para "melhoria no equilíbrio da linha".
O acidente também não é o primeiro na construção do metrô em São Paulo. Em 2007, um desabamento na linha Amarela matou 7 pessoas.
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