Foi retomado nesta quarta-feira (9/2), no 2° Tribunal do Júri do Rio de Janeiro, o julgamento do caso de Henry Borel, com depoimentos dos réus Monique Medeiros e o ex-vereador Jairo Souza Santos, conhecido como Dr. Jairinho, acusados de homicídio triplamente qualificado e tortura de Henry Borel, filho de Monique. Nesta primeira fase do julgamento, a juíza do caso decidirá se o casal vai a júri popular, analisando se há prova da materialidade e indícios suficientes da autoria de crime contra a vida.
Dr. Jairinho e Monique falaram pela primeira vez sobre o crime em depoimento. Um de cada vez, os dois relataram todos os acontecimentos do relacionamento dos dois nos meses que antecederam a morte de Henry. Jairinho falou primeiro na parte da manhã, mas foi vetada a transmissão em vídeo do depoimento. Como em todos os dias do julgamento até então, os depoimentos de testemunhas são transmitidos pelo canal de Youtube do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
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Fachin nega liberdade a Monique, presa pela morte do filho Henry BorelMãe de Henry Borel entra com pedido de liberdade no STFCaso Henry: vídeo mostra mãe e Jairinho saindo do prédio com a criançaMãe de Henry Borel deixa a prisão e usará tornozeleira eletrônicaMonique realiza 'atos libidinosos' com advogado na cadeia, dizem detentas Monique revela que Jairinho a enforcava durante sexo para se acalmarEm um depoimento de apenas 10 minutos, Jairinho disse no início do interrogatório que não responderia perguntas feitas a ele, reservando seu direito de permanecer em silêncio. Ele só falará sobre o caso após as análises das imagens das câmeras do IML no dia da morte de Henry, do atendimento no hospital, o raio-x feito na criança e o confronto entre os peritos oficiais do caso e os peritos contratados por ele.
Ele negou as acusações feitas pelo Ministério Público e afirmou não ter encostado em "um fio de cabelo de Henry". "Preciso provar a minha inocência e a da Monique também. Se eu estou sofrendo no sistema prisional, imagino o que está sofrendo a Monique, que perdeu um filho. Existe a justiça dos homens e a justiça de Deus. Eu penso todos os dias como o perito (Leonardo Tauil, responsável pela necropsia do Henry) tem conseguido dormir, colocar a cabeça no travesseiro tranquilo", relatou ele em depoimento.
Em depoimento mais longo, Monique Medeiros descreveu todos os acontecimentos que antecederam a morte de seu filho, além de falar sobre seu relacionamento com Dr. Jairinho e a relação do ex-vereador com Henry. Sobre o relacionamento com Jairinho, Monique chegou a dizer que ele se mostrou agressivo, controlador, ciumento e possessivo. Ela relatou um episódio de agressão no mês seguinte ao início do namoro, em novembro de 2020, em que Jairinho teria invadido o celular dela para ler mensagens trocadas entre Monique e Leniel Borel, pai de Henry.
"Ele pulou o muro da minha casa, invadiu e se incomodou com a conversa no meu celular, que ele tinha a senha. Acordei sendo enforcada na cama ao lado do meu filho", disse ela em depoimento. Em outro momento, ela descreveu também que Henry relatou uma conversa entre ele e Jairinho em que o ex-vereador disse que o menino atrapalhava o relacionamento dele e de Monique. Monique disse também que conversou com Henry sobre a afirmação, negando que ele atrapalhasse o relacionamento e relatou ter brigado com Jairinho sobre a fala.