Nesta semana, um vídeo do fotógrafo Daniel De Granville, com um raro registro de um 'bolo de sucuri', viralizou nas redes sociais. Nas imagens, pode-se ver uma sucuri adulta em um ritual de acasalamento com vários machos às margens do rio Formoso, em Bonito, Mato Grosso do Sul.
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'Bolo de sucuri': fotógrafo flagra acasalamento em Bonito (MS)Mulher encontra larva em ovos de páscoa e cena viraliza nas redes Entidades assinam carta que pede rejeição ao PL do novo Marco HídricoO Correio conversou com o Médico Veterinário especialista em animais silvestres, Matheus Rabello Krüger, para entender melhor esse processo de acasalamento e porque esse registro é raro.
Orgia?
O médico veterinário esclarece que esse momento, conhecido como agregação reprodutiva, na verdade não é raro, o que na verdade é raro é exatamente o registro dele. "Algumas espécies de serpentes tem esse fenômeno durante o processo de reprodução", acrescenta Matheus.
O médico veterinário esclarece que esse momento, conhecido como agregação reprodutiva, na verdade não é raro, o que na verdade é raro é exatamente o registro dele. "Algumas espécies de serpentes tem esse fenômeno durante o processo de reprodução", acrescenta Matheus.
Krüger explica o processo de acasalamento da espécie. "De uma forma geral as Sucuris Verdes (Eunectes murinus) reproduzem na estação mais seca, e a fêmea lança mão de feromônios para atrair os machos, causando uma 'disputa reprodutiva' entre eles por uma única fêmea."
Por isso o 'bolo de sucuri' parece, mas não é uma orgia animal. "Durante esse processo a fêmea seleciona o macho que tem maior capacidade reprodutiva, de acordo com seu porte, força, etc, aumentando as chances de sucesso dos filhotes através desta seleção genética", completa.
Quanto ao registro, é considerado raro, pois encontrar esse evento exatamente no momento em que está ocorrendo precisa de muita observação/estudo dos indivíduos da espécie, ou simplesmente de sorte.
Sobre os riscos em fazer tal registro assim tão próximo dos animais, Krüger destaca que são quase nulos. "O objetivo dos animais ali é tão específico que é muito difícil ele correr algum tipo de perigo nessa situação. Era mais fácil ele atrapalhar esse processo reprodutivo, desviando um pouco o foco dos animais por conta de odor, etc, e acabar prejudicando o processo".
"Mas é muito difícil, porque eles estão muito focados e determinados ali na parte reprodutiva e nos feromônios liberados pela fêmea", conclui.