“Estava muito nervoso, dizendo que iria matar todos”, descreve o boletim de ocorrência sobre o crime cometido por Nilson Cosme Batista dos Santos, nessa quinta-feira (10/2), por volta de 18h.
O sargento da Polícia Militar do Distrito Federal ligou para o para o batalhão e confessou que iria matar a família. Por telefone, o policial do rádio operador conseguiu ouvir os disparos. Imediatamente, uma equipe foi para a casa do sargento, em Planaltina).
Em frente à residência, os militares chamaram Nilson ou algum familiar, mas ninguém respondeu. Logo depois, perceberam sinais de fumaça e arrombaram o portão.
A equipe acionou o Corpo de Bombeiros e entrou no quintal e na garagem da casa, chamando os moradores. O interior da casa, segundo a ocorrência policial, aparentava estar em chamas e estava com muita fumaça. Portas e janelas estavam trancadas.
Os policiais arrombaram uma das portas e se depararam com uma das vítimas no chão em um dos quartos. Dois militares tentaram retirá-lo das chamas mas, devido à quantidade de fumaça, não conseguiram.
No interior da casa, havia um galão vazio, que supostamente estaria com combustível. Logo depois, a equipe do Corpo de Bombeiros chegou ao local e iniciou os trabalhos contra o incêndio e retirada das vítimas. Para esclarecer a dinâmica do ocorrido, uma perícia foi solicitada com urgência.
Após tirar a vida da mulher, Maria de Lourdes Furtado, e dos dois filhos, Isaac Furtado dos Santos, 21 anos, e Lucas Furtados dos Santos, 16, Nilson se matou.
Sonhos interrompidos
Isaac Furtado dos Santos, filho mais velho de Nilson e Lourdes, foi aprovado recentemente no vestibular da Universidade de Brasília (UnB) para o curso de engenharia química.
No entanto, os planos do jovem tiveram um fim precoce na noite de ontem. Inconformado com a perda do amigo de infância, o estudante João Victor Gonçalves, 20, contou ao Correio que o calouro era um jovem aplicado, que se dedicava apenas aos livros.
Abalado diante da barbárie, João Victor esteve na porta da casa da família e não conseguiu conter as lágrimas. "A única coisa que ele fazia na vida era estudar. Não saía de casa. Só focava nos estudos. Não consigo aceitar esse fim. (Ele) nunca foi de farrear", disse o amigo.
Lucas Furtado dos Santos, 16, o caçula, queria seguir os passos do primogênito, segundo o estudante Gabriel Vitor, 16. "Ele estudava todos os dias. Queria passar no vestibular e cursar engenharia química, o mesmo que o irmão. Era muito alegre e jogava bola com a gente. Estudamos até o 9º ano juntos. Depois, ele começou a ir para a escola de manhã, e eu, à tarde. Era um menino que não arrumava confusão com ninguém", contou o amigo do mais novo.
Entre outros colegas, não faltaram palavras para descrever o comportamento do adolescente, descrito como uma pessoa alegre, que gostava de assistir a animes e de conversar com os conhecidos da vizinhança.
O estudante Antônio Carlos, 16, definiu Lucas como um jovem sorridente. "Ele era um garoto ótimo, não tenho do que reclamar. Estudioso, dedicado, corretíssimo. Os amigos podiam contar com ele sempre. Era um garoto que tirava meu sorriso toda vez. Não tenho muito o que falar neste momento, mas é isso", lamentou.