Uma cena rara em que uma cobra-coral verdadeira vomita uma cobra d’água após devorá-la foi registrada no domingo (13/2), em Jaraguá do Sul, norte de Santa Catarina. As imagens foram compartilhadas pelo biólogo Gilberto Ademar Duwe, da Fundação Jaraguaense de Meio Ambiente (Fujama), que afirmou nunca ter visto essa reação do animal, que regurgita o alimento quando está estressada. Veja o momento:
A cobra, uma micrurus corallinus, foi resgatada pelo grupo após ser vista próxima a uma residência. Os moradores do local perseguiram a cobra e tentaram matá-la, antes de acionarem os resgatadores. Assim que ela foi retirada do local em segurança, passou pelo processo de regurgitar uma outra cobra que havia devorada momentos antes de ser detida.
O biólogo colocou o animal dentro da caixa de madeira para fazer o transporte até um local seguro, e então observou que algo começava a sair da boca da cobra. Em segundos, o especialista percebeu que se tratava do rabo de uma cobra. Foi quando ele começou a filmar.
“Essa cobra acabou de ser resgatada aqui em uma casa e ela está vomitando outra cobra! Como as pessoas tentaram matar ela e até mesmo com o próprio procedimento de resgate, apesar de ser feito com todo cuidado, ela ficou estressada e isso faz com que ela regurgite o alimento”, explica Gilberto.
O estresse, segundo o biólogo, é apenas um motivador que desencadeia instintos. Ela vomitou não por estar estressada em si, mas porque o estresse lhe causou um alerta de que estava em perigo e, sem o alimento no corpo, ela sabe que pode fugir mais facilmente do perigo. O biólogo diz que a reação é algo comum, mas que os registros de momentos como esse são raros.
As corais
Gilberto contou que o hábito de se alimentar por cobras é uma característica marcante das corais verdadeiras. “O que muita gente não sabe é que esse tipo de cobra se alimenta de outras cobras, inclusive de jararacas. E essa daqui era uma cobra d’água, praticamente do mesmo tamanho que ela”, disse.
A micrurus corallinus é uma coral que possui um dos maiores níveis de fatalidade de veneno no ser humano, podendo causar a morte em pouco tempo. No entanto, elas não são agressivas e podem atacar apenas quando são manuseadas, ou seja, quando pessoas que a avistam querem pegá-la nas mãos.
Elas habitam, preferencialmente, em regiões próximas ao litoral e se aventuram externamente em meses quentes e chuvosos. Além dela, outras 30 espécies de corais-verdadeiras habitam o Brasil.