Janeiro deste ano teve recorde histórico de óbitos registrados pelos Cartórios de Registro Civil brasileiros. Segundo a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil) foram registrados 144.341 óbitos no país, um aumento de 5% em relação a 2021.
Os dados são do Portal da Transparência do Registro Civil, uma base de dados administrada pela Arpen/BR, abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos registrados nos 7.658 Cartórios de Registro Civil do país.
Segundo a associação, janeiro deste ano foi o mês mais mortal desde o início da série histórica, em 2003. Entre os números, está um aumento de mais de 70% nas mortes por pneumonia em comparação ao mesmo mês de 2021, quando 12.745 pessoas morreram com a doença, contra 21.718 neste ano. Em 2020, antes da pandemia, foram 15.484 mortes por pneumonia.
As mortes por COVID-19 tiveram uma redução de 55%, comparando janeiro de 2021 e 2022. Entretanto, mesmo que a causa da morte não tenha sido uma infecção pelo coronovírus, é possível que a doença tenha desencadeado outras doenças na população, já que houve aumento de mortes por doenças do coração.
Veja a porcentagem de aumento das mortes na comparação entre janeiro deste ano com o primeiro mês do ano passado:
- AVC (20%)
- Infarto (17%)
- Causas Cardiovasculares Inespecíficas (19%)
- Septicemia (23%)
- Síndrome Respiratória Aguda Grave- SRAG (9%)
- Indeterminada (9%)
"Os números dos Cartórios de Registro Civil mostram mais uma vez, em tempo quase que real, o retrato fidedigno do que acontece com a população brasileira. Embora haja uma diminuição clara nos óbitos por COVID-19, ainda não se conhecem todos os efeitos das novas variantes, em especial da ômicron, que, diante do aumento de casos no último mês, parece ser a causa do crescimento de óbitos de outras doenças, como a pneumonia, doenças do coração e septicemia", explica Gustavo Renato Fiscarelli, presidente da Arpen/BR.
Outro aumento observado pela associação é em relação às mortes violentas no país. Homicídios, acidentes de veículos, suicídio, entre outras situações, são encaixadas nas mortes violentas e tiveram 81% de crescimento, se comparada com o mesmo período de 2020.
Segundo a Arpen/BR, os números mostram que a diminuição do isolamento social 'eleva os índices de óbitos em razão de acidentes e crimes'. Na comparação de janeiro de 2020, antes do isolamento, com janeiro de 2021, houve queda de 73% nesse tipo de registro.
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.