Um torcedor do Brasil de Pelotas, do Rio Grande do Sul, foi expulso do estádio Bento de Freitas, na cidade do time, após exibir tatuagens com conotações neonazistas. Durante a partida contra o Novo Hamburgo, no domingo (13/2), ele tirou a camisa do time e a torcida identificou dois símbolos que remetem ao regime nazista: uma Cruz de Ferro, no braço, e a frase "Mein Kampf", título alemão do livro de Adolf Hitler, Minha Luta, no cóccix. Veja o vídeo feito por um torcedor das tatuagens do homem durante o jogo:
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Cartórios registram o janeiro mais mortal do BrasilEstudo aponta deficiências e propõe melhorias no Auxílio Brasil Trabalho análogo à escravidão pode ser maior do que mostram os númerosAlunos de escola particular gravam vídeo com suposta saudação nazistaPresidiários se passavam por jovens atraentes para pedir nudes nas redes Lewandowski proíbe que Disque 100 seja usado para denúncias contra vacinasPouco depois, o homem foi expulso pela torcida. Uma aglomeração de torcedores o cercou e chamou a atenção dele, e pediu para sair. Para evitar uma briga física, a equipe de segurança do estádio retirou o homem e o encaminhou para fora do estádio. A ação não foi filmada, mas o fotógrafo do time, Volmer Perez, registrou o momento em fotos.
A identidade do homem não foi revelada. O clube publicou uma nota oficial sobre o episódio. Ele afirmou que os torcedores, chamados xavantes, são o maior “instrumento contra qualquer discurso ou ato de discriminação”, já que foram os próprios que expulsaram o homem do estádio.
“O amor aos muitos que somos é parte da beleza do clube. É por essa consciência histórica que aqueles, que se sentem representados pelos discursos de ódio infelizmente cada vez mais comuns, são e sempre serão repelidos da Baixada. Quem diz isso não é só o clube, como instituição. É a nossa torcida que sabe reconhecer ao longe que não tem dignidade para se dizer Xavante”, pontuaram.
A vereadora de Porto Alegre, Daiana Santos, comentou o ocorrido. “Ontem, um homem foi um expulso da arquibancada pela torcida do Brasil de Pelotas após exibir suas tatuagens neonazistas (Mein Kampf e Cruz de Ferro). Infelizmente, a extrema-direita deu amplitude e voz para grupos racistas, homofóbicos e antissemitas em nosso país”, pontuou.
Ela também parabenizou os torcedores pela atitude de não permitir que o homem permanecesse no local. “O Brasil de Pelotas é um clube que foi fundado pela classe operária e negra. Parabéns para a torcida Xavante, que honrou suas raízes! Com nazista não tem conversa”, disse.
Outra polêmica
Essa não é a primeira vez que um torcedor do Brasil de Pelotas é protagonista de ações de racismo. Em 29 de janeiro, em uma partida contra o Grêmio, alguns torcedores Xavantes proferiram ofensas de teor racista contra outros torcedores do adversário. Na ocasião, o Clube emitiu nota de repúdio e afirmou ter identificado o suspeito das ações, além de apresentá-lo “às autoridades competentes, a quem cabe o devido processo de investigação e submissão à justiça”.
No próximo jogo do clube, a própria torcida emitiu um recado aos pares que insistiam no crime de ódio: produziram uma faixa extensa com a frase “O GE Brasil não silencia diante do grito dos maus. #NãoAoRacismo!”.