Jornal Estado de Minas

PANDEMIA

Há dois anos, Brasil registrava a primeira morte por COVID-19

Mais de 29 milhões de casos positivos de covid-19, 654.556 mortes pela doença, grande parte da população imunizada, uma vacina 100% produzida em território nacional e a flexibilização das medidas restritivas. Esses pontos compõem o cenário do país dois anos após a primeira morte da covid-19 ter sido registrada.




 
O contexto de medo e apreensão diante de um vírus desconhecido, em 12 de março de 2020, deu lugar à esperança do retorno à vida normal. Hoje, graças aos avanços da ciência e ao rápido desenvolvimento das vacinas — somada a adesão à vacinação do brasileiro —, o país vive a expectativa de uma revisão do status de emergência em saúde pública, decretado em fevereiro de 2020.
 
À época integrante da equipe do Ministério da Saúde, o ex-secretário de Vigilância em Saúde da pasta Wanderson de Oliveira avalia a trajetória da covid-19 no Brasil. "Estamos em um dos melhores cenários epidemiológicos que já tivemos, e diversos indicadores apontam isso, como as taxas de vacinação, de positividade dos testes, entre outras", destaca. Diante disso, ele avalia ser preciso uma revisão da declaração de emergência em saúde pública, pois muitos pontos mudaram. "Na minha opinião, a gente está em um período de transição para as emergências estaduais", explica.
 
O atual secretário de Serviços Integrados de Saúde (SIS) do Supremo Tribunal Federal (STF) justifica: "Para a situação ser caracterizada como uma emergência de saúde pública de importância nacional, é preciso que se apresente risco de disseminação nacional, e nós não continuamos com esse risco porque o vírus já está espalhado. Além disso, a situação epidemiológica deve ser produzida por agentes infecciosos inesperados, e isso não acontece, uma vez que conhecemos o novo coronavírus. A covid-19 também não apresenta gravidade elevada, outro ponto necessário que a emergência seja considerada de importância nacional".




 
Sem estimar uma data para a suspensão do status de pandemia, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, indicou nas últimas semanas que a mudança de cenário "está perto" de acontecer. A esperança de avanço das flexibilizações também é aguardada pela secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde, Rosana Leite de Melo. Ainda que haja riscos, como aparecimento de novas variantes, para ela "há esperanças que em um futuro breve possamos avançar nas flexibilizações".

Freio

No entanto, alguns pesquisadores são reticentes e dizem que as próximas semanas serão cruciais para entender qual será o rumo da covid-19 no país.
 
"Ainda não é possível avaliar o efeito das festas e viagens no período de carnaval, nem da flexibilização do uso de máscaras e da realização de eventos que promovam a aglomeração em massa, que têm ocorrido em algumas cidades", pontuou o último boletim do Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado ontem.
 
Por isso, o relaxamento de medidas de proteção, como a suspensão do uso de máscaras, é visto como precoce pelos pesquisadores da Fiocruz. Para eles, a flexibilização prematura "significa abandonar a história de tantas vidas perdidas". "Reforçamos que o relaxamento prematuro das medidas protetivas, assim como não investir na motivação da população sobre a vacinação, significa abandonar a história de tantas vidas perdidas", criticou o Observatório.




 
Para os pesquisadores, o ideal é a volta do padrão do início da pandemia, quando era indicado o uso de máscaras, a higienização de mãos e o desestímulo às aglomerações. "Recomendamos que, enquanto caminhamos para níveis ótimos de cobertura vacinal, medidas de distanciamento físico, uso de máscaras e higienização das mãos sejam mantidas mesmo em ambientes abertos onde possa ocorrer maior concentração e aglomeração de pessoas", sugerem os especialistas.
 

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