A rapidez e produtividade são marcas registradas dos entregadores de delivery e motoboys espalhados pelo País. Mas alcançar essa meta a qualquer custo gera prejuízos reais.
Francisco Silva, de 37 anos, já recebeu diversas multas por excesso de velocidade. No ramo há 10 anos, ele conta que o objetivo de ganhar a comissão e cumprir o prazo de entrega com os empregadores é o principal fator que leva a cometer infrações.
“As manobras arriscadas que fazemos são recorrentes. Precisamos trabalhar com eficiência dentro do nosso tempo”, pontua.
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Morais avalia que o comportamento dos condutores que trafegam pelas ruas mudará se houver uma maior disseminação de informações sobre as leis de trânsito. “A educação através de campanhas e de ações governamentais, com fiscalização permanente, são essenciais”, alerta.
Motoboy há 13 anos, Warley Nery, de 39 anos, trabalha em um restaurante e enfrenta uma árdua rotina como entregador, trabalhando aproximadamente 12 horas por dia. Por causa da necessidade de entregar os pedidos rapidamente nas casas dos clientes, o motoboy confessa que cometeu várias infrações de trânsito e chegou a acumular cerca de 20 multas. “Por diversas vezes, usei o celular, ultrapassei o sinal vermelho e passei no pardal acima da velocidade.”
Warley conta que tem ciência dos riscos causados pelo uso do celular, como os desvios de atenção e as chances de se envolver em acidentes. Apesar de não se orgulhar, a aplicação dessas ações se tornam corriqueiras em decorrência do seu trabalho. Há alguns anos, ele atropelou uma pedestre que atravessava a faixa. “No local, não tinha semáforo. Os pedestres estavam passando, mas eu não tinha visto. Acabei acertando uma menina que passava pela faixa”, diz.
Multado apenas uma vez por dirigir na contramão, o motoboy Dalyson Eduardo, 20 anos, trabalha como entregador de delivery. Ao Correio Braziliense, confessa que, por diversas vezes, usa o celular no trânsito para digitar ou conversar em ligação telefônica com clientes. “O ideal é não usar o celular durante o percurso pra nada além do GPS. Olhar para todos os lados e não se distrair com celular ao atravessar a pista, mas às vezes usamos para nos comunicar, principalmente em casos de imprevistos”, relata.
*Estagiário sob a supervisão de Layrce de Lima