O coordenador da Fundação Nacional do Índio (Funai) de Ribeirão Cascalheira, no Mato Grosso, o militar inativo da Marinha Jussielson Gonçalves Silva; o sargento da Polícia Militar Gerrard Maxmiliano Rodrigues de Souza; e o ex-PM do Amazonas Enoque Bento de Souza foram presos na Operação Res Capta, deflagrada pela Polícia Federal, nesta quinta-feira (17), contra o arrendamento de terras indígenas para produtores rurais.
Além dos servidores, uma liderança da Terra Indígena Marãiwatsédé, do povo xavante, também foi presa. O cacique é acusado de receber R$ 900 mil por mês para que cabeças de gado fossem criadas na área.
Foram cumpridos outros dois mandados de prisão, sete mandados de busca e apreensão e duas ordens judiciais de afastamento de cargo público, segundo a PF.
Jussielson Silva é um dos militares que assumiram coordenações regionais da Funai na Amazônia sob o governo Jair Bolsonaro (PL). Segundo a Funai, o arrendamento de terras indígenas é proibido e o coordenador será afastado da função.
As investigações apontaram que o coordenador da Funai recebia 10% por cada medição. Ele ainda recebia para selecionar quem poderia cometer os crimes ambientais, segundo a PF.
Entenda
De acordo com o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do MPF em Mato Grosso, os problemas de arrendamento foram detectados em 2017.
Houve uma tentativa de negociar com a Funai a retirada do gado, mas o processo parou em 2019.
A Terra Indígena Marãiwatsédé está localizada nos municípios de Alto Boa Vista, São Félix do Araguaia e Bom Jesus do Araguaia, em Mato Grosso. Segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), trata-se da quarta terra indígena mais desmatada da Amazônia.