A operação que resultou na prisão de Kleber Moares, mais conhecido como Klebim, 27 anos, divide opiniões nas redes sociais e da população. Na manhã desta terça-feira (22/3), amigos, fãs e familiares se reuniram em protesto em frente ao Complexo da Polícia Civil do Distrito Federal. O objetivo era questionar a prisão "injusta" do influenciador digital.
O organizador do protesto, Luíz Felipe Santos, 19, destaca que o empreendimento do youtuber é uma fonte de renda para diversas famílias. "A prisão foi injusta, uma perseguição ao Klebim. Todos os carros rifados são entregues e o galpão onde trabalhamos é aberto para receber os fãs e as pessoas que querem conhecer. Se fosse algo errado, o lugar não seria aberto", defende.
Luíz trabalha desde o começo do ano com Klebim em estética automotiva. "Essas rifas mudam a vida de muita gente. Ontem eu conversei com diversos ganhadores das rifas, há pessoas que trocaram seus carros por lotes, conseguiram mudar de vida", pontua.
Mateus de Linz, 41 anos, dono de um lava jato no galpão, acompanha Klebim desde a idealização do projeto. "Se havia algo errado nos impostos, deveriam ter primeiro intimado ele, para termos legalizado alguma situação. Há tantos empresários na mesma situação, por que o foco é somente no Klebim? Cadê as operações para os outros?", questiona.
Mateus também aponta que outros jogos de azar acontecem no país sem intervenção da Justiça.
Entenda o caso
As investigações da PCDF começaram em dezembro do ano passado e revelaram que o youtuber utilizava as redes sociais para fazer divulgação dos automóveis.
Com base na Lei nº 3.688/41, a rifa é considerada modalidade de jogo de azar, tipificado, no Brasil, como contravenção penal. Kleber e os outros integrantes da associação criminosa não tinham autorização do Ministério da Economia para promover os sorteios nem se encaixavam em ações filantrópicas.
De acordo com as investigações conduzidas pela Divisão de Repressão a Roubos e Furtos (DRF), Kleber lavava o dinheiro adquirido nas rifas em empresas de fachada. Diretor da DRF, o delegado Fernando Cocito explica que o dinheiro das vendas ia para uma conta do Mercado Pago. "Ao invés de ele mandar o valor para a própria conta, em que não estaria escondendo nada, ele cria uma empresa de fachada, uma PJ, e manda o valor para lá. Aí que está a lavagem, porque ele tenta dar uma aparência de que os veículos foram adquiridos fruto da atividade de publicidade, quando, na verdade, não existe isso. Mas, sim, jogos de azar", detalha.
"Ele era o 01 do DF. Todo mundo o via faturando muito dinheiro, e começou uma enxurrada de rifas ilegais em todo o país. A rifa é o menor problema, é uma contravenção penal. Mas é o que permite a engrenagem da lavagem funcionar. Em várias oportunidades, percebemos que eles tinham ciência de que seriam descobertos e presos. Havia um esforço do grupo em terminar logo a loja de carros, para que as rifas ficassem com menos evidência", frisa o delegado Fernando Cocito.
Na operação Huracán, os policiais civis cumpriram quatro mandados de prisões temporárias e sete de busca e apreensão no Plano Piloto, no Guará, em Águas Claras e em Samambaia. A PCDF sequestrou nove carros, incluindo uma Lamborghini Huracan e uma Ferrari/458 Spider, uma motocicleta e um jet-ski. Cada um deles avaliado em R$ 3 milhões. A polícia também pediu o bloqueio de R$ 10 milhões das contas dos envolvidos e confiscou a mansão milionária de Klebim, no Park Way.
O imóvel de 2,5 mil metros quadrados esbanja glamour. São cinco quartos, cinco suítes, três salas, nove banheiros e nove vagas para carros, um espaço de lazer completo com direito a piscina aquecida em três níveis, churrasqueira, sauna, espaço para fogueira, ofurô e sala de jogos. O projeto de fino acabamento tem um escritório reservado com acesso direto ao jardim do terreno e uma cozinha integrada à sala e área de lazer. Das cinco suítes, três delas têm closet e porcelanato. Um mirante possibilita a vista para o Plano Piloto.
Em nota, o advogado de Klebim, José Sousa de Lima, ressalta que a prisão foi completamente arbitrária, desproporcional e ilegal. "Fruto de uma pirotecnia para criar constrangimentos e fatos midiáticos", argumentou. O advogado acrescenta que confia "que o poder judiciário corrigirá essa arbitrariedade revogando imediatamente essa Prisão", finalizou.