O Brasil alcançou um recorde de 98,7% para reciclagem de latas de alumínio. Os dados são da Associação Brasileira do Alumínio (Abal) e Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (Abralatas). Do total de 33,4 bilhões de latinhas de alumínio comercializadas no país, 33 bilhões foram recicladas. Em comparação a 2020, houve um crescimento de 1,4%. A pesquisa foi divulgada nesta quarta-feira (13).
Ainda de acordo com a Abal, o Brasil é um dos países campeões mundiais na coleta e reciclagem desse tipo de embalagem, e além disso, há mais de 10 anos, fica acima de 96% no índice de reciclagem de latas de alumínio.
Janaina Donas, presidente executiva da Abal, destaca que, mesmo com a pandemia, “a cadeia de reciclagem de latas de alumínio continuou operando com eficiência costumeira, entregando um resultado que gera valor ambiental, econômico e social”.
Brasil tem índice baixo na reciclagem de outros resíduos
Diferentemente do alumínio, os outros resíduos também recicláveis, como plástico, vidro, papel, embalagens longa-vida e latas de aço não têm grande expressividade de aproveitamento no país. Pelas pesquisas mais recentes, após o alumínio, os maiores índices de reaproveitamento são de papel (67%), vidro e aço (47%) e embalagens longa-vida (42,7%).
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST), apenas 23,1% de todo o plástico produzido em 2020 foi aproveitado, sendo que o volume de resina plástica produzida no Brasil em 2020 foi de aproximadamente 884 mil toneladas.
Cenário da reciclagem em MG e BH
Felipe Daniel Ferreira, gerente comercial do Centro de Reciclagem de Resíduos e Sucatas (CMR), explicou que as empresas de Belo Horizonte vem se preocupando mais com o descarte correto de materiais como alumínio e plástico.
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“Belo Horizonte tem uma reciclagem expressiva. Hoje em dia podemos perceber uma quantidade maior de papelão, alumínio e sucata de ferro. A lei obriga as empresas a realizar o descarte correto, e o interesse aumenta ainda mais pelo fato de alguns tipos de resíduos terem um valor alto, com retorno financeiro. A latinha de alumínio, por exemplo, vale em média R$ 8 por quilo.”
Anderson Viana, diretor da Associação dos Catadores de Materiais Reciacláveis de Nova União (Unicicla), diz que o mercado mais expressivo de reciclagem em Minas é liderado pelo papel e papelão, de um modo geral. "O preço da latinha de alumínio é mais expressivo que o papelão, mas se for olhar o volume, o papelão existe em maior quantidade", explica.
A presidente da Cooperativa Central Rede Solidária de Trabalhadores de Materiais Recicláveis de Minas Gerais (Rede Sol ), Ivaneide Souza, ressaltou que pouco material em BH vai realmente para a reciclagem. Cerca de 2% são reaproveitados, o restante vai para aterros sanitários.
Importância dos recicladores
Raphael Tobias, engenheiro civil e sanitarista da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), acredita que as latas de alumínio tenham essa grande expressão na reciclagem principalmente pelo seu valor agregado.
Além disso, ele acredita que esse recorde é fruto do trabalho dos coletores e recicladores, pois a população e os órgãos governamentiais não se atentam o suficiente para as questões da reciclagem. "Os recicladores das associações juntam esse material e conseguem reciclar. É claro que não são somente eles os responsáveis por todo o impacto, mas se não fossem eles, não teria esse índice, pois a população e as gestões municipais não ajudam. Se não fosse o valor agregado, até mesmo o alumínio ficaria para trás", explica.
Impacto da reciclagem do alumínio no meio ambiente
O sanistarista explicou que o lançamento das latas de alumínio no meio ambiente não terá impactos de contaminação significativa, entretanto, obviamente funciona como um "corpo estranho" no ecossistema.
Ele comenta que a causa dos impactos realmente sérios é a produção do alumínio, que é extraído a partir da bauxita, utilizando muita energia para as três etapas - mineração, refinaria e redução. O processo é considerado o que mais consome energia no mundo, sendo considerado um dos fatores determinantes para o aquecimento global.
"A reciclagem das latas de alumínio impede que o material e a energia necessários para produzir aquela lata sejam desperdiçados, já que para produzir um novo produto por meio de uma lata de alumínio, utiliza-se cerca de 5% da energia total para produzir uma nova. Os danos são muito menores, além de gerar empregos que possibilitam uma vida minimamente digna para várias famílias", ressalta.
Para extrair a bauxita, é necessária a remoção completa da camada superior do solo. Mesmo se a camada for restaurada após a mineração, o solo perde sua capacidade de reter água, tornando-se inadequado para cultivos comuns, como o dos alimentos.
O tempo médio que os resíduos de alumínio levam para se decompor na natureza é de 200 anos.
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.