Jornal Estado de Minas

CARNAVAL

No Rio, título inédito com Exu na passarela


A Grande Rio desmistificou o orixá Exu, o mensageiro entre o mundo espiritual e os seres humanos, e faturou de forma inédita o desfile das escolas de samba do grupo especial do Rio de Janeiro. A escola havia ‘batido na trave’ em 2006, 2007, 2010 e 2020, como vice-campeã.




 
Repetindo uma tradição, a escola trouxe famosos como Monique Alfradique, Bianca Andrade, Pocah, David Brazil, Gil do Vigor e a rainha de bateria Paolla Oliveira como Pombagira, a representação feminina de Exu.

A atriz comemorou a vitória em seu Twitter, logo após o resultado sair. “Que felicidade fazer parte desse momento! Campeã do Carnaval 2022”, disse a rainha de bateria da escola.

Com o enredo Fala, Majeté! Sete chaves de Exu, Gabriel Haddad e Leonardo Bora homenagearam o orixá, que é equivocadamente associado à figura do diabo. A escola terminou a apuração com 269,9 pontos. Três décimos à frente da Beija-Flor de Nilópolis, que chegou a ultrapassar a escola tricolor de Duque de Caxias no início da contagem dos votos. A São Clemente ficou em último lugar e foi rebaixada para a Série Ouro do carnaval carioca.

“O enredo é a desmistificação de Exu, é falar essa verdade do povo de Caxias, vendo a grande Rio ser campeã. Caxias é o lugar do Rio de Janeiro com maior número de terreiros de candomblé e de umbanda. A Grande Rio, quando fala da verdade, a verdade não mente!”, disse Arlindinho Cruz, um dos autores do samba-enredo da escola campeã.



No sábado, o desfile das campeãs contará com Salgueiro (6º lugar), Portela (5º lugar), Vila Isabel (4º lugar), Viradouro (3º lugar), Beija-Flor (vice-campeã) e Grande Rio (campeã).

Jã em São Paulo, o título ficou com a Mancha Verde. O primeiro lugar foi confirmado com 269,9 pontos e teve como enredo Planeta Água. É a segunda conquista da escola. A última vencedora (em 2020, já que houve a interrupção com a pandemia de COVID-19) foi a Vai-Vai, dona de 15 troféus.

SILÊNCIO Desde 2012, a contagem de pontos no Anhembi não tem plateia, mas cada escola pode levar até 10 representantes credenciados para acompanhar a leitura das notas, tradicionalmente feita por Antonio Reis da Silva, o Zulu, desde 1993. Neste ano, o carnavalesco pediu um minuto de silêncio em respeito às vítimas do coronavírus que já desfilaram no sambódromo.

“Não vão pensando que tão falando aí, gente que tá dando opinião na ciência aí, que não sabe o rumo de nada, (a pandemia) não passou ainda, não”, protestou.

*Estagiárias sob a supervisão do subeditor Eduardo Murta