Jornal Estado de Minas

LARVA NA COMIDA

Ufes rescinde contrato com empresa após larva em marmitas dos alunos

 

Na última semana, circulou um vídeo do Restaurante Universitário da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em Vitória (ES), em que alunos mostravam larvas dentro das marmitas de comida. Após grande repercussão, foi divulgado, na noite de segunda-feira (9), que o contrato com a fornecedora terceirizada Nutrivip foi rompido de forma consensual.





 

Para a causa, foi criado até mesmo um perfil no Instagram chamado "Larva na Ufes".  


Na terça-feira (10), a produção de marmitas já foi completamente interrompida, de acordo com informações do pró-reitor de Assuntos Estudantis e Cidadania, Gustavo Forde. 


Até que a produção seja restabelecida, será fornecido um auxílio de R$15 a cada um dos 2.100 estudantes dos campi Goiabeiras e Maruípe, em Vitória. Em nota, a Ufes comunicou que as refeições do almoço e do jantar voltem a ser servidas no campus Vitória em modelo self-service no dia 23. Já nos campus Alegre e Jerônimo Monteiro, a produção já foi normalizada no dia 9. 


No dia em que os vídeos foram registrados, mais de 2.400 marmitas foram distribuídas entre os alunos. De acordo com a Ufes, assim que a empresa tomou conhecimento das larvas no alimento, foi feito um plano de contingência para sanar o problema. Após análise do processo de produção, foi identificado que as larvas estavam nos vegetais, berinjela e quiabo. Não são prejudiciais à saúde caso ingeridas. 






 

Confira a nota da empresa, Nutrivip, na íntegra: 

 

"Quanto ao ocorrido, esclarecemos que a NUTRIVIP ALIMENTAÇÃO, empresa atuante no mercado há nove anos, que atende entes públicos e privados, forneceu à UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, desde o mês de novembro de 2021, mais de 70.000 unidades de refeições, sem que houvesse qualquer intercorrência quanto à qualidade na alimentação ofertada. O contrato celebrado entre as partes encerrou-se no dia 04 de maio de 2022, e à pedido da entidade, a empresa estendeu o atendimento até o dia 20 de maio, já que o Restaurante Universitário não havia finalizado seu processo de contratação de mão de obra terceirizada e aquisição de gêneros alimentícios.


No primeiro momento, tendo em vista a propagação de imagem de vídeo contendo um corpo estranho na embalagem de refeição, "compramos a ideia" do surgimento deste inseto na alimentação, e preventivamente realizamos alterações em cardápio e maior rigor quanto ao processo de produção das refeições.


Tendo em vista que, posteriormente, chegou em nossas mãos materiais divulgados pelos alunos quanto a movimentos em represália a atual administração da universidade, somados às entrevistas realizadas por representantes estudantis com acusações falaciosas e graves, chegando ao absurdo de afirmar que a empresa NUTRIVIP ALIMENTAÇÃO forneceu alimentação estragada aos usuários, trabalhamos com a hipótese de sabotagem à empresa.






Vale ressaltar que a empresa obedece rigorosamente todas as normas de segurança sanitária e alimentar, e todos os processos são acompanhados por um corpo de nutricionistas. Além disto, a contratante (Ufes) possui uma equipe de nutrição que acompanhava DIARIAMENTE o recebimento e distribuição de refeições aos usuários. Desta forma, era impossível que os comensais recebessem a alimentação imprópria ao consumo.


Diante da gravidade destas afirmações, que alcançaram notoriedade em território nacional, a empresa decidiu mover ações cível e criminal contra os responsáveis, inicialmente com o pedido de abertura de inquérito policial, por injúria e difamação.


Lamentamos que os envolvidos estejam utilizando a situação para levantar bandeiras políticas e acusando uma empresa idônea de ato tão repugnante."

 

O que dizem os alunos 

Um estudante da Ufes contou à reportagem do Estado de Minas que eles haviam recebido denúncias diárias da má qualidade da alimentação, "principalmente nessas duas primeiras semanas de retorno às aulas presenciais, em relação à falta de qualidade na comida. Além disso, nesses últimos dias, recebemos várias denúncias de larvas e inclusive pedras nas marmitas", alegou. A partir dessas alegações, os estudantes se reuniram e foram aos Centros de Diretórios Acadêmicos da Ufes, decidindo, também, se manifestar pelas redes sociais e em atos e protestos na faculdade. 





 

Além dessa ocorrência, o estudante alega que esses desconfortos já aconteceram outras vezes. "Não foi nada tão expressivo quanto as larvas, porém, era como se as marmitas fossem feitas com "desleixo", porque o contrato já estava acabando", explicou. Ele relembrou ainda que quando a produção da alimentação universitária era nos próprios restaurantes da Ufes, com participação dos próprios alunos e professores, o controle nutricional era maior. " O tempo inteiro mediam temperatura, acompanhavam a qualidade, faziam relatórios. Mas com essa empresa tivemos muitos problemas, e os estudantes chegaram nesse ponto limite." 

 

Amanhã (12/5), os estudantes da Ufes farão um ato contra as acusações de sabotagem da empresa, em frente a universidade. Durante o protesto, serão distribuídas 300 marmitas. 

 

O estudante disse que foram três dias intensos de denúncias. No primeiro dia, os problemas observados já foram reportados à administração central da Ufes, porém, não obtiveram retorno. "Não houve controle sanitário. Isso é muito triste, lamentável. Muitos estudantes estão sendo afetados", acrescentou o estudante. 

 

Por fim, o estudante argumenta: "É bastante complicada essa posição, com essas falsas alegações contra os estudantes. Nós em momento algum queríamos a suspensão do contrato. Gostaríamos que tivesse uma melhoria. Essa afirmação é uma cortina de fumaça, uma alegação para tentar desviar o problema." 

 

* Estagiária sob supervisão