Um vídeo que viralizou nas redes sociais na sexta-feira (27/5) causou revolta de internautas. Na gravação, o policial rodoviário federal Ronaldo Bandeira dá uma aula em um cursinho preparatório para a carreira de policial, e ensina como ele criou uma espécie de câmara de gás dentro de uma viatura usando gás de pimenta.
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O vídeo tornou-se ainda mais revoltante por ter viralizado na mesma semana em que Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, morreu de insuficiência aguda secundária a asfixia após agentes da Polícia Rodoviária Federal o prenderem no porta-malas do camburão, jogarem gás de pimenta e fecharem o compartimento.
Em entrevista ao Correio, Ronaldo Bandeira disse que o vídeo era de uma aula de 2016, e não recente, e explicou se tratar de uma “brincadeira de mau gosto”.
“Eu trouxe um exemplo à tona, eu estava lecionando uma aula exatamente sobre a lei anti tortura. Eu trouxe um exemplo fictício infeliz, eu queria elucidar na sala de aula um exemplo de tortura que coincidentemente colidiu com o caso”.
Ao ser questionado sobre o treinamento que recebeu, Bandeira preferiu não se manifestar. Em relação à responsabilidade que assume como professor, o profissional declarou que “como policial respeito a lei e os direitos humanos, em nenhum momento a intenção foi desrespeitar”.
“Tenho uma carreira ilibada e jamais enfrentei nenhum processo disciplinar por descumprimento de qualquer norma da instituição a qual eu sirvo. A minha postura é de repassar aos meus alunos que devem cumprir o ordenamento jurídico brasileiro em todos os pontos”.
Para o especialista do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), Roberto Uchôa, há um gargalo nas corporações de segurança pública que é a falta de um manual que padronize a abordagem policial. “Uma crítica que faço é que não há uma divulgação do procedimento, não há um padrão. Se há um pedido para conhecimento de um manual de abordagem não se tem acesso, é sigiloso. Faz parte da cultura das instituições policiais do Brasil a não divulgação de dados, de procedimentos ou a ação de dificultar o acesso a essas informações. O objetivo desse acesso não seria demonizar instituições. Em democracias mais avançadas isso é uma prática muito sedimentada. Esse tipo de informação é disponibilizada para o público, porque prevê a transparência. A gente quer que as técnicas sejam evoluídas”, pontuou.