O Ministério Público Federal (MPF) instaurou, na última sexta-feira (27/5), mais um procedimento relacionado à morte de Genivaldo de Jesus Santos, 38 anos, em Umbaúba, no Sergipe.
Como a vítima sofria de esquizofrenia e fazia uso de medicamentos controlados, a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC) vai acompanhar a apuração do crime em investigação na esfera cível para verificar as violações aos direitos dos cidadãos e, em especial, aos direitos das pessoas com deficiência.
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"Ele está melhor do que a gente aí dentro", respondeu um dos policiais, enquanto Genivaldo sufocava ao inalar o gás lacrimogêneo jogado dentro do veículo.
Em nota, a PRF afirmou que a vítima resistiu à abordagem dos agentes e precisou ser contida. Ele foi abordado na Rodovia BR-101 ao dirigir uma motocicleta. Os policiais pediram que erguesse os braços e, ao revistá-lo, encontraram no bolso de Genivaldo cartelas de comprimidos — que, conforme Walison, faziam parte do tratamento do tio.
Genivaldo reagiu à truculência da abordagem. Mas foi derrubado e, no chão, imobilizado. O sobrinho tentou avisar que o tio era esquizofrênico. "Assim que falei com o policial, ele pediu reforço com o microfonezinho preso no colete. Chegou uma moto e mais uma viatura. Foi na hora que começou a tortura", relatou o sobrinho.
Investigação
Na quinta-feira (26/5), o MPF já havia instaurado um procedimento criminal para acompanhar as investigações sobre a eventual responsabilidade dos policiais pela morte de Genivaldo. O Instituto Médico Legal (IML) de Sergipe identificou de forma preliminar que a vítima teve como causa da morte insuficiência aguda secundária a asfixia.A procuradoria solicita que pessoas que presenciaram a ação policial e gravaram vídeos entrem em contato com a PRDC via email. Os vídeos serão utilizados nas investigações do MPF.
Em nota, a organização Human Rights Watch (HRW) afirmou que o Ministério Público Federal deveria investigar “a motivação pela qual Genivaldo foi detido e as circunstâncias de sua morte, incluindo possíveis indícios de tortura”. “Também deveria verificar se a Polícia Rodoviária Federal possui protocolos e treinamento adequados para a abordagem de pessoas com deficiências psicossociais”, diz a HRW.
A Oxfam Brasil afirmou que o crime não gerou ações imediatas. “Além da crueldade e vileza com que as populações negras são tratadas pelos agentes policiais, chama a atenção que tais fatos não tenham gerado ações imediatas e duras por parte de governadores e chefes das polícias”.
A ONU Direitos Humanos na América do Sul cobrou uma “investigação célere e completa” da morte. “É fundamental que as investigações iniciadas pela Polícia Federal e o Ministério Público cumpram com as normas internacionais de direitos humanos e que os agentes responsáveis sejam levados à Justiça, garantindo reparação aos familiares da vítima”, diz Jan Jarab, chefe regional da ONU Direitos Humanos.
(Com informações da Agência Brasil)