O desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips fez com que, nos últimos dias, os olhos do mundo se voltassem para a criminalidade na Amazônia. O desfecho do caso, com a confissão de um dos suspeitos e a localização dos restos mortais das vítimas, é mais um capítulo do histórico de violência na região do Vale do Javari, no Oeste do Amazonas.
A região na fronteira com o Peru abriga a maior quantidade de povos não contatados do mundo e tem sido alvo de disputas por criminosos que tentam explorar os recursos naturais. A terra indígena foi demarcada em 2001 e, desde então, sofre com atividades ilegais.
Desde 2018, as bases da Funai na reserva sofreram com ao menos oito ataques a tiros, segundo a Indigenistas Associados, associação de servidores da Funai. Em 2019, a Justiça determinou que o governo federal desse mais segurança para a região. No mesmo ano, um colaborador da Funai morreu assassinado na cidade Tabatinga, próxima à terra indígena. Maxciel Pereira dos Santos levou dois tiros na nuca, após receber diversas ameaças. Até hoje, a investigação não foi concluída e nenhum suspeito foi indiciado.
No ano passado, a Univaja produziu um relatório que foi entregue ao Ministério Público Federal de Tabatinga, no Amazonas, com relatos do aumento das invasões de criminosos na região. O jornal O Globo teve acesso ao documento, que, inclusive, traz denúncia contra Amarildo da Costa de Oliveira, o Pelado, que confessou envolvimento com o assassinato de Bruno e Dom. No relato, é falado que ele estava pescando peixe liso e Pirarucu no interior da terra indígena próximo à aldeia Korubo. De acordo com o MPF, um procedimento foi instaurado para investigar os relatos.
Investigação
Até o momento, três suspeitos de envolvimento com o assassinato de Dom e Bruno foram presos. Já tinham sido detidos Amarildo e o irmão dele, Osney da Costa. Nesta quinta, uma nova prisão foi feita. O nome dele ainda não foi divulgado.
Na noite desta quarta (15/6), o superintendente da Polícia Federal do Amazonas, Eduardo Alexandre Fontes, informou que as investigações das causas da morte e das circunstâncias do crime prosseguem. “Novas prisões devem ocorrer a qualquer hora do dia", frisou.