Música indígena interpretada por Bruno Pereira em vídeo emocionou muitas pessoas. O indigenista desapareceu com o jornalista Dom Phillips, em 5 de junho, durante uma expedição no Vale do Javari, na Amazônia. O vídeo com o canto de Bruno Pereira se tornou pano de fundo para as buscas pelo jornalista e pelo indigenista.
O cântico foi interpretada por Bruno no idioma dos Kanamari, povo indígena que vive na Amazônia próximo aos rios Juruá, Itaquaí, Japurá e Javari. Segundo o Censo 2010, menos de três mil indígenas falavam o idioma Kanamari.
A letra da canção tem um forte cunho espiritual e costuma ser entoada em rituais religiosos com uso da ayahuasca, chá com potencial alucinógeno usado em cerimônias ou para fins terapêuticos.
Na gravação do vídeo, Bruno, que falava quatro línguas indígenas diferentes, estava numa mata acompanhado por outras pessoas num clima de bastante descontração.
Bruno Pereira, um dos indigenistas mais experientes da Funai, onde foi Coordenador Regional da Funai de Atalaia do Norte por cinco anos, também integra o Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (Opi), sendo muito respeitado pelos indígenas.
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Canto é remixado por André Abujamra
Entre as pessoas que se sensibilizaram com a canção está o cantor, compositor e arranjador André Abujamra, que criou um remix com o vídeo da performance de Bruno.
No vídeo do remix, compartilhado por André nesta terça-feira (14), há a voz de Bruno e de indígenas, acompanhada de imagens de alguns momentos do indigenista enquanto trabalhava na região amazônica.
"Eu não costumo ficar profundamente triste. Quem me conhece sabe que sou muito otimista e raramente faço a tristeza me dominar, mas hoje eu quebrei a espinha! Geralmente eu faço música como uma oração! Quando vi o vídeo do Bruno chorei muito e daí fiz esse remix!", escreveu André na publicação com o vídeo.
Confira o vídeo do remix:
Como estão as buscas?
A Polícia Federal confirmou na tarde desta sexta-feira (17/6) que entre os restos mortais encontrados durante as buscas estão os remanescentes de Dom Phillips. O material chegou a Brasília no início da noite desta quinta-feira (16/6) para serem periciados. Ainda não há confirmação sobre os restos mortais de Bruno Pereira.
Uma força-tarefa da Polícia Federal conduz as investigações para desvendar a motivação do crime e possíveis mandantes. O pescador Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como Pelado, confessou a participação no assassinato e está preso desde o dia 7 de junho. O irmão dele, Oseney da Costa de Oliveira, o “Dos Santos”, também foi detido.
Na quarta-feira (15/6), Oseney confessou que ele e Amarildo mataram os desaparecidos. Bruno e Dom Phillips teriam sido alvejados a tiros, e os corpos esquartejados e carbonizados.
Na tarde de quinta-feira (16/6), a PF informou que há cinco suspeitos sob investigação e que novas prisões poderão acontecer no decorrer das investigações.