As imagens da agressão de Demétrius Oliveira de Macedo a Gabriela Samadello Monteiro de Barros chocaram as redes sociais. Nas imagens, é possível ver o procurador do município de Registro (SP) desferindo socos e chutes na colega de trabalho. Além das agressões físicas, ele também proferiu ofensas à procuradora. Na noite dessa quarta-feira (22/6), a Justiça decretou a prisão de Demétrius.
No mandado de prisão, o delegado responsável pelo caso, Daniel Vaz Rocha, apontou que o acusado “vem tendo sérios problemas de relacionamento com mulheres no ambiente de trabalho, sendo que, em liberdade, expõe a perigo a vida delas e, consequentemente, a ordem pública”.
Demétrius tem graduação em Direito, pela Universidade São Judas Tadeus. Ele concluiu o curso em 2010, na cidade de São Paulo. Seu trabalho de conclusão de curso foi sobre direitos humanos e a posição hierárquica dos tratados sobre o tema.
Durante a faculdade, Demétrius participou de um projeto de pesquisa, entre 2008 e 2009, entitulado “O mandado de injução e a omissão do Poder Legislativo: posição no Supremo Tribunal Federal”.
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No seu perfil acadêmico, atualizado pela última vez em 2010, também constam prêmios em sua passagem pela Universidade: o VII e IX Prêmio Paulo Guilherme de Almeida, para os alunos de Direito com melhor rendimento; o I Concursos de Artigos Técnicos da Faculdade;e a terceira colocação no simulado do ENADE.
O currículo também aponta que Demétrius fez estágios na Defensoria Pública do Estado de São Paulo, no escritório de direito Pellon & Associados, no Sindicato dos Administradores do Estado de São Paulo, no Juizado Especial Cível e na Procuradoria Geral da Fazenda Nacional.
Em 2011, Demétrius passou no exame da Ordem dos Advogados do Brasil, tornando-se apto a exercer a profissão. De acordo com o portal G1, no mesmo ano, ele começou a carreira na Prefeitura de Registro.
Comportamento antissocial
Em entrevista à TV Tribuna, Gabriela, que foi agredida por Demetrius, contou que os dois trabalharam juntos por quase 10 anos e que, até 2018, eles mantinham uma relação amigável e até saiam com a equipe da procuradoria. Segundo a procuradora, o comportamento do colega mudou quando ela foi promovida na prefeitura, em 2019, se tornando ‘antissocial’
"Não conversava com a gente, não dava ‘bom dia’, não cumprimentava na rua, não era colaborativo, não se integrava no trabalho. Era praticamente impossível um trabalho em grupo com ele", relatou.
A afiliada da TV Globo também conversou com um personal trainer da academia que Demétrius frequentava. Segundo o profissional, o procurador era um cara de poucas palavras, mas muito cordial. "Não esperava esse tipo de comportamento dele. O contato superficial que eu tinha jamais demonstrou que ele faria o que fez. Mas um cara muito quieto, muito fechado, sei lá. É muito estranho", apontou.
Perfis trancados nas redes sociais
Após a repercussão negativa nas redes sociais, Demétrius restringiu quem pode acessar seu perfil. No Instagram, ele também apagou as publicações e a descrição. Em prints que circulam nas redes, é possível ver que na sua página pessoal constava a frase “Brasil acima de tudo. Deus acima de todos!”, lema bolsonarista.
Ele também apagou o seu sobrenome e a menção à sua profissão. Já no Facebook, o agressor apagou as publicações e deixou somente três abertas. Após receber comentários negativos, ele limitou quem pode escrever em seus posts.
Entre os comentários estão xingamentos como “canalha”, “covarde” e “agressor de mulheres”.