Os casos da menina de 11 anos que foi interpelada pela juíza Joana Zimmer para manter a gravidez e da procuradora Gabriela Samello sendo espancada em seu ambiente de trabalho pelo colega Demétrius Oliveira de Macedo ganharam espaço nos noticiários esta semana. Não faltaram comparações com a série ‘The Handmaid’s Tale’, da Hulu.
A história se passa em uma realidade distópica, em que os Estados Unidos se tornaram um país fundamentalista religioso, chamado Gilead. Nessa comunidade, as leis são baseadas na Bíblia e há uma hierarquia rígida, em que as mulheres são a classe social mais inferior. A elas, não é dado o direito de aprender a ler ou ter o próprio dinheiro.
Algumas delas, chamadas de ‘Aias’, têm a função de gerar crianças. Para isso, o chefe daquela família estupra a mulher, com a conivência e participação da esposa. Quando a criança nasce, as Aias vão para uma nova casa, onde será estuprada novamente. Nos casos de revolta, o governo responde violentamente, seja furando um olho, mutilando genitais, levando à forca e outras punições.
A série, que já tem quatro temporadas, é baseada no livro ‘O Conto de Aia’, de Margaret Atwood, lançado em 1985. A autora explicou, diversas vezes, que a inspiração para o livro foram as violências reais que as mulheres vivem diariamente.
Quase 40 anos após o lançamento, ‘O Conto de Aia’ ainda se faz popular e atual. “Sua popularidade depende daquilo que está acontecendo no mundo em geral. Nas últimas três eleições nos Estados Unidos, ela subiu, mas nos anos noventa as pessoas diziam: ‘É coisa do passado, nada disso aconteceu, a Guerra Fria terminou, vamos às compras’. Além disso, não fez tanto sucesso quando foi lançado”, afirmou Margaret em entrevista.
The Handmaid’s Tale e a reação da internet
Quando um caso chocante de violência contra a mulher viraliza, as redes sociais comparam a realidade com a ficção. Recentemente, o caso da menina de 11 anos que quase foi impedida de fazer um aborto foi muito comparada à história das Aias. “Não é The Handmaid’s Tale, mas poderia ser”, disse uma internauta.
Reunimos algumas comparações que já fizeram sobre o tema. Confira:
quando eu comecei a assistir the handmaid's tale eu fiquei horrorizada desejando que nunca, nunca aquela tortura acontecesse algum dia. Hoje eu leio as notícias e percebo que Gilead tá bem aqui, ao nosso redor. Que lixão esse país virou, meu deus!
%u2014 Julieta de Verona (@_julietinha) June 22, 2022
Brasil AD 2022.
%u2014 Henrique Abel (@Henrique_Abel1) June 21, 2022
Uma distopia fascista que supera os horrores ficcionais da famosa obra "The Handmaid's Tale" de Margaret Atwood.
Fascismo entranhado nas instituições. pic.twitter.com/okTRp6ZCcd
Assistir The Handmaid%u2019s Tale deveria ser obrigatório para todos os cristãos. Ao final de cada episódio, deveriam responder:
%u2014 Andrade (@AndradeRNegro2) June 21, 2022
Com quais personagens a tua religião tem feito você se parecer?
Com quem você se identifica?
Você estaria ao lado de um governo assim?
Mulher proeminente na sociedade força jovem estuprada a conduzir gravidez e parir contra sua própria vontade
%u2014 %u262D %u24B6Edwin Fox, eterno anarco-comunista %uD83C%uDFF3%uFE0F%u200D%uD83C%uDF08%uD83D%uDC27 (@edwin_niles_fox) June 20, 2022
Serena Waterford em O Conto da Aia pic.twitter.com/vk7LyZGGWG
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Sobre a série
Lançada em 2017, a série ‘The Handmaid’s Tale’ está na quarta temporada, com previsão de lançamento de novos episódios em setembro de 2022. Com nomes como Elizabeth Moss e Yvonne Strahovski já levou prêmios como o Emmy e o Globo de Ouro.
No Brasil, está disponível no Globoplay e no Paramount+ e a classificação indicativa é de 18 anos. Assista ao trailer: