O desmatamento ilegal na Amazônia chegou a 8.590 km² de agosto de 2021 a julho deste ano, segundo dados do sistema Deter, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados nesta sexta-feira (12/8). Este é o quarto maior índice da série histórica. Isso indica uma taxa oficial de desmatamento acima dos 10.000 km², acumulada em quatro anos consecutivos, o que coloca o governo de Jair Bolsonaro (PL) como o primeiro a ver o desmatamento crescer descontroladamente sob uma única gestão.
“É mais um número que estarrece, mas não surpreende: o desmatamento fora de controle na Amazônia resulta de uma estratégia meticulosa e muito bem implementada de Bolsonaro e seus generais para desmontar a governança socioambiental no Brasil”, afirma Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima.
A conclusão foi tirada da avaliação entre o primeiro semestre deste ano e o mesmo período nos últimos três anos, o que corresponde a um crescimento de 3.511 km², ou seja, área 65,6 % maior que a média dos anos anteriores.
Área equivalente à cidade de São Paulo
No acumulado do primeiro semestre desse ano, a ferramenta apontou uma queda de 2% em relação ao mesmo período do ano passado — foram 8.590 km² de área desmatada. No entanto, essa pequena diferença não significa melhora da situação. O Deter fez durante seis meses alertas em que avisou que o desmatamento atingia níveis recordes desde 2016.
No mês passado, por exemplo, foram desmatados na Amazônia 1.487 km², praticamente a mesma quantidade de floresta derrubada no ano passado, também em julho — 1.498 km². Porém, a área é o equivalente ao tamanho da cidade de São Paulo, que tem 1.500 km² de extensão.
Ranking
O Inpe ranqueou os níveis de desmatamento nos estados. Entre os que estão com maiores índices se destaca o Pará, com 3.072 km² (35,7% do total), seguido pelo Amazonas, com 2.292 km² (26,7% do total) e Mato Grosso, que entrou para a lista de derrubada da floresta pela primeira vez, tendo desmatado 1.433 km² de área.
No Amazonas, os locais campeões de retirada foram os municípios de Lábrea, em primeiro lugar no ranking, e Apuí, em segundo. São locais que permeiam a BR-319, rodovia cujo governo federal quer retomar as obras de pavimentação e especialistas ambientais já avisaram que os licenciamentos liberados estão equivocados.
“Em vez do Poder Executivo e dos parlamentares estarem focados em conter os impactos da destruição da Amazônia sobre a população e o clima, no combate ao crime que avança na floresta, e que não só destrói nossas riquezas naturais, mas também a imagem e a economia do país, eles tentam aprovar projetos que irão acelerar ainda mais o desmatamento, os conflitos no campo e a invasão de terras públicas", critica Rômulo Batista, porta-voz da Amazônia pelo Greenpeace Brasil.