Em agosto passado, 1.415 quilômetros quadrados da Amazônia Legal foram desmatados - uma redução de 12% em relação a agosto de 2021, quando o desmatamento somou 1.606 quilômetros quadrados. Porém a soma das áreas desmatadas nos oito primeiros meses deste ano ultrapassa a verificada no mesmo intervalo de 2021. De janeiro a agosto, forma derrubados 7.943 quilômetros quadrados de floresta, a terceira pior devastação para o período dos últimos 15 anos.
Os dados, divulgados nesta sexta-feira (16/9), são do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). "Já passamos da metade do ano e o que vem acontecendo são recorrentes recordes negativos de devastação da Amazônia, com o aumento no desmatamento e na degradação florestal. E, infelizmente, temos visto ações insuficientes para combater esse problema", explica Bianca Santos, do Imazon. Somente a área de vegetação derrubada em agosto tem quatro vezes i tamanho da cidade de Belo Horizonte.
Já o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou que o desmatamento acumulado na Amazônia até agosto de 2022 atingiu 7.135km², cerca de 800km² a menos do que o registrado pelo Imazon. A diferença ocorre porque o Imazon usa um sistema que detecta áreas menores na Amazônia Legal, levando em conta áreas desmatadas a partir de 1 hectare. O satélite do Sistema Deter, de responsabilidade do Inpe, tem como base no mínimo 3 hectares. A mediação oficial de desmatamento é feita pelo Prodes, pesquisa também do Inpe, e costuma superar os valores estimados pelo Deter e pelo Imazon.
O Pará foi o estado com o segundo maior nível de degradação do bioma, e o primeiro no desmatamento. Quanto às áreas degradadas da região, o estado que teve a maior área de floresta perdida em agosto foi Mato Grosso (657km²), com 67% do total registrado em toda a Amazônia.
A diferença entre desmatamento e degradação se explica pela forma com que o instituto classifica os fatores. O desmatamento ocorre quando a vegetação é totalmente removida, o chamado "corte raso". A degradação florestal é caracterizada quando parte da mata é retirada por causa da extração de madeira ou afetada pelo fogo. Por isso, o Imazon explica que é comum que uma área classificada como degradada seja posteriormente desmatada.
"Em muitos casos de áreas que sofrem degradação florestal por exploração madeireira, após a retirada total das espécies de valor comercial, é feita a remoção completa das árvores para destinar aquela área a outros tipos de uso, como a agropecuária, ou até para a especulação imobiliária, no caso da grilagem", afirmou a pesquisadora Bianca Santos.
*Estagiária sob a supervisão de Odail Figueiredo