Como é viralizar aos seis anos de idade falando de política? Para Theo, que teve um vídeo viral falando que votaria na avó e que daria Playstation 5 de graça, é algo positivo. “É muito legal, muito bom porque eu estou famoso. Eu queria que o Felipe Neto visse o vídeo”, conta o garoto.
Nas imagens compartilhadas no perfil do irmão mais velho, Pedro Luis Macedo Dalcol, estudante de história da Universidade Estadual de Ponta Grossa, o menino começa dizendo que tem uma candidata a presidente: “Se a nossa família estivesse no local de ‘votamento’ (sic), eu votaria na vó”.
Em seguida, ele diz o que faria se fosse presidente: “Dar Playstation 5 de graça, alimentar os pobres, deixar as pessoas felizes e matar os bilionários que zoam os pobres”.
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Mas a mãe de Theo, Danielle Macedo, explica que a fala não tem nada a ver com intolerância. “Algumas pessoas podem achar que é um discurso de ódio, mas não tem ódio nenhum. É um discurso de um menino de seis anos representando a indignação porque tem pessoas que não tem comida. Por isso que seria importante a vó ser presidente, porque, como ela costumava fazer os netos comerem, na cabeça dele, ela ia dar comida para todo mundo”, explica.
Repercussão
Pedro Macedo, irmão de Theo, conta que foi uma surpresa o vídeo viralizar. Ele publicou a fala do irmão em seu perfil no TikTok, onde comenta sobre política, filosofia, história. “O Theo sabe sim que viralizou, mesmo que não entenda muito o conceito de viralizar, ele nos perguntou se seria como se a cidade inteira conhecesse ele e nós respondemos que seria como se várias cidades do Brasil o conhecessem nesse momento”, afirma.
Pedro explica que política é um assunto recorrente na família, que é composta por um pai jornalista e uma mãe professora, por ele, que é estudante de história, e pela irmã, que deve seguir carreira na docência. “Sempre na escola pública, a qual defendemos com unhas e dentes. E o Theo naturalmente ouve e assimila essas idéias, principalmente sobre a desigualdade estrutural em que vivemos, a questão dos preconceitos raciais, de sexualidade, e qualquer outra forma de preconceito a qual somos completamente contra”, detalha.
O irmão mais velho indica, ainda, que a discussão em casa vai além da polarização política provocada pelas eleições no Brasil. E que a busca por uma sociedade igualitária é o cerne do que ensina para o caçula da família. “O Theo não se contenta que mesmo que nossa sociedade produza o suficiente para alimentar o mundo inteiro três vezes, milhões de pessoas passem fome. Isso não entra na cabeça dele, se ele tem uma estabilidade onde pode comer todo dia, e temos o suficiente no mundo para uma distribuição igualitária, por que ainda existem pessoas que passam fome?”, questiona.
E ele explica que é por isso que o menino fala em “matar” os bilionários. “Uma visão natural de uma criança de 6 anos sobre a gigantesca desigualdade imposta por um sistema de produção que explora e expropria o valor produzido pelos trabalhadores e os paga com salários ínfimos em relação ao que produzem. Muito me surpreendeu, como estudante de história, que uma criança como ele possa ver que essa relação, que estamos tão acostumados em um mundo acometido pelo capitalismo tardio, pode ser tão desigual e cruel”, finaliza.