Brennand afirmou, em vídeo, que as acusações fazem parte de uma conspiração contra ele. A defesa atual do empresário ainda não se manifestou.
O Ministério Público de São Paulo pediu a prisão no fim do mês passado por ele não ter cumprido determinação da Justiça paulista de retornar ao Brasil e entregar o passaporte, segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo.
O prazo de dez dias, estipulado pela 6ª Vara Criminal da capital, venceu em 23 de setembro.
A denúncia da Promotoria ocorreu após ele agredir a modelo Alliny Helena Gomes, 37, durante discussão em uma academia de ginástica na zona oeste de São Paulo.
No boletim de ocorrência, registrado no 15° DP, Thiago Brennand é apontado como suspeito de ter praticado lesão corporal e injúria. Ao todo, oito testemunhas se prontificaram a depor a favor da modelo. Entre elas uma mulher que já havia registrado boletim de ocorrência contra o empresário, em maio, por injúria.
A violência sofrida pela modelo em 3 de agosto foi flagrada por câmeras de segurança e divulgadas pela TV Globo. Nas imagens, é possível ver quando o empresário dá um empurrão na vítima.
As agressões, segundo o Ministério Público, ocorreram na presença do filho de Brennand, de 16 anos. Por isso, além de lesão corporal, a Promotoria ofereceu a denúncia de corrupção de menores.
Na inicial do processo, o MP pede que a Justiça determine que o empresário pague R$ 100 mil à vítima a título de danos morais.
Brennand também é investigado sob a suspeita de crimes sexuais envolvendo um grupo de ao menos 11 vítimas.
Entre os supostos ataques investigados pela Promotoria estão desde estupros com coito anal e rituais para tatuar as vítimas com as iniciais do próprio nome, o mesmo acrônimo usado pelo empresário para marcar objetos.
De acordo com o Ministério Público, as investigações são mantidas sob segredo de Justiça, e as possíveis vítimas começariam a ser ouvidas no último dia 19 de setembro.
Estas investigações são conduzidas pela promotora Silvia Chakian, coordenadora do NAV (Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência), e pelo promotor Josmar Tassignon Júnior, de Porto Feliz (a 118 km da capital), que acompanha um caso ocorrido em 2021.
A maior parte da lista de vítimas foi encaminhada ao Ministério Público pelo escritório de advocacia Janjacomo e por representantes do projeto Justiceiras, que trabalham juntos neste caso.
Segundo as entidades, as supostas vítimas relatam situações parecidas envolvendo o empresário: cárcere privado, sexo sem camisinha, agressões físicas e verbais e "stalking" (perseguição), além da marcação nas vítimas das iniciais TFV, de Thiago Fernandes Vieira.
De acordo com o escritório, eles foram procurados pelas mulheres após a veiculação do vídeo da agressão na academia pela TV Globo e pela RecordTV.
As supostas vítimas, que não se conhecem, tiveram algum tipo de relacionamento amoroso com Brennand e acabaram sendo humilhadas e violentadas, segundo afirmam. Os casos teriam ocorrido entre 2017 e o início deste ano.
A investigação conduzida pela Promotoria de Porto Feliz chegou a ser arquivada em junho deste ano, por falta de provas. Foi reaberta neste mês, porém, após reportagem do Fantástico trazer um áudio do empresário em que ele fazia ameaças a essa vítima.
CONSPIRAÇÃO
Em vídeo publicado na internet, Brennand negou que estivesse fugindo. "Eu tô tranquilíssimo. Tinha algumas opções de países para onde ir", diz, sem especificar em qual país está. "Estou tranquilo onde estou. Não estou fugindo. Prisão ilegal? Quem que vai se submeter a um Estado de exceção?"
"Vocês mexeram com a pessoa errada. [...] Vocês morrem de inveja. Branco, heterossexual inegociável. Armamentista, óbvio. Conservador, sempre", completa.
O empresário afirma que as acusações fazem parte de uma conspiração contra ele e que a maioria das denúncias de crimes de estupro no Brasil é falsa.