Quatro homens haviam acabado de sair da casa de um imigrante, na região da Luz, de onde levaram R$ 10 mil em dinheiro, quando foram presos por policiais civis de verdade.
Os quatro ficaram em silêncio após serem presos. A polícia não informou se eles apresentaram advogado.
A equipe da 4ª Delegacia Patrimônio, do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), recebeu informações sobre uma quadrilha, responsável por invadir residências de imigrantes bolivianos simulando uma investigação policial, e passou a apurar o caso.
Segundo o delegado Vinícius Fernandes Nogueira, a 4ª Delegacia Patrimônio investigava há cerca de um mês e meio o uso de dois carros nesse tipo de assalto na região central. "Encontramos os dois veículos, começamos a acompanhar e hoje [segunda] deu certo."
Duas câmeras de monitoramento mostram três homens com camisetas semelhantes às usadas por policiais civis de São Paulo, descendo de um dos veículos, estacionado próximo à casa da vítima nesta segunda-feira.
O primeiro deles, que desce do banco dianteiro direito com uma arma na mão, vai até a casa, conversa com uma mulher que está no portão e entra no imóvel. Na sequência os outros dois acessam a casa.
De acordo com a polícia, para entrar na residência, os falsos policiais afirmaram que iriam verificar uma suspeita de crime de condições de trabalho análogo à escravidão.
No interior da casa, o trio revirou os pertences da vítima, também segundo a polícia, e encontraram R$ 10 mil em dinheiro.
As imagens mostram os três homens saindo do imóvel e voltando para o carro. O quarto integrante da quadrilha não aparece nas imagens, mas ele estava do lado de fora da casa, segundo a polícia.
Logo após entrarem no carro, um policial civil com arma em punho passa por trás de um veículo estacionado imediatamente atrás e anuncia a prisão. Outros agentes chegam armados pela frente. Os suspeitos, então, descem, deitam no chão e se rendem.
Eles portavam três simulacros de pistolas e distintivos, de acordo com os policiais. Também usavam camisetas com o símbolo da Polícia Civil.
Segundo o Deic, os imigrantes são alvo dos crimes por não utilizarem o sistema bancário, "guardando em casa o dinheiro obtido por meio do trabalho".
Outro fato é que normalmente as vítimas não registram ocorrência. Por isso, o delegado Nogueira não sabe se outras pessoas vão dar queixa a partir da prisão desta segunda e quantas podem ter sido vítimas da quadrilha.
"Como trabalham na informalidade, é difícil darem queixa porque muitas vezes não têm a comprovação da origem do dinheiro", afirma.
A polícia também investiga se os quatro presos fazem parte de uma associação criminosa maior.
Apenas um dos presos não apresentava passagem criminal. Os outros três têm registros de roubos, receptação, extorsão, sequestro e porte de arma.
Os quatro foram autuados por roubo, associação criminosa e usurpação de função pública.