A vereadora Carla Ayres (PT) foi puxada pelo braço, abraçada e beijada à força pelo parlamentar Marquinhos da Silva (PSC) durante a sessão desta quarta-feira (7) na Câmara Municipal de Florianópolis. O caso aconteceu dentro do próprio plenário, depois de ela se manifestar sobre um projeto de lei, e será denunciado como importunação sexual e violência política de gênero. Silva pediu desculpas.
Ayres voltava de seu discurso na tribuna da Casa e, quando passou ao lado de Silva, ele a puxou pelo braço, a agarrou por trás e lhe deu um beijo no rosto. No vídeo, é possível ver que a vereadora prontamente se desvencilhou do parlamentar, completamente incomodada. Ela conta que os parlamentares estavam discutindo sobre um projeto sobre o qual Silva nem chegou a se pronunciar. "Ele estava no plenário rindo, como se estivesse numa torcida e como se eu estivesse perdendo um debate ou um jogo", relata.
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A parlamentar ressalta que houve ainda quebra de decoro parlamentar, o que, segundo ela, tem ocorrido cada vez mais na política brasileira."Eles estão sendo confrontados a lidar com a realidade das mulheres no poder e, mesmo que se diga que não é intencional, o machismo autoriza os homens a fazerem isso", diz.
Apesar de destacar que a violência contra as mulheres foi naturalizada nos últimos anos, com discursos machistas do governo Bolsonaro, ela afirma que vários colegas parlamentares, inclusive bolsonaristas, lhe prestaram solidariedade após o assédio. "Não podemos fazer de conta que não é nada e lidar com isso como uma brincadeira. Precisamos pedir medidas mais duras", ressalta.
Carla entrou com pedido de quebra de decoro parlamentar na Câmara e irá registrar um boletim de ocorrência contra Silva por importunação sexual e violência política de gênero.
Em nota, o vereador Marquinhos Silva disse receber com tristeza a acusação de assédio de Ayres, por quem, apesar de divergências políticas, sempre demonstrou "imenso carinho e respeito, dentro e fora do plenário".
"Reconheço meu erro em abordar a vereadora de maneira inconveniente, sem a sua autorização, e diante disso peço minhas sinceras desculpas a ela e a todas as mulheres que se sentiram ofendidas pelo meu ato. Ressalto que em nenhum momento agi de maneira má-intencionada (sic), porém, fui infeliz em invadir o seu espaço", afirma. No texto, ele diz que levará a atitude "equivocada" como um aprendizado, "repudiando toda forma de assédio".
O fato ocorreu na mesma sessão em que foi aprovada a criação da Procuradoria da Mulher na Câmara de Florianópolis, que vai receber, analisar e encaminhar denúncias de violência e discriminação contra as mulheres. A proposta foi apresentada pela Comissão da Mulher, na época presidida por Carla Ayres.
Em nota, a Câmara Municipal de Florianópolis diz que repudia o ato e reafirma sua atuação no combate contínuo de toda e qualquer ação de violência contra as mulheres. "Sobre o caso denunciado, tão logo o processo chegue à Mesa Diretora, será realizada a apuração dos fatos seguindo os ritos administrativos disciplinares desta Casa Legislativa."