A estudante embolsou o valor em cinco parcelas de R$ 600, entre os meses de junho e novembro de 2020, segundo dados disponíveis no Portal da Transparência, que não registra a devolução do dinheiro. Alicia terminou o ensino médio em 2014 em uma escola estadual no Ipiranga, na zona sul de São Paulo, e foi aprovada em medicina na USP quatro anos depois, em 2018, após fazer um preparatório no Poliedro, cursinho tradicional na capital paulista entre vestibulandos de universidades concorridas.
A universitária era presidente da comissão de formatura da Turma 106 da Faculdade de Medicina da USP. A suspeita de golpe se deu no dia 6 de janeiro, depois que Alicia confessou em um grupo de WhatsApp que perdeu o dinheiro arrecadado para a festa. Ela alegou ter aplicado o montante em uma investidora, investigada por fraudes.
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Ao todo, 110 pessoas foram afetadas pelo desvio. A formatura, a colação de grau e o baile dos formandos estavam previstos para o início de 2024. Ela foi denunciada à polícia por colegas pelo crime de apropriação indébita.
Após o caso ganhar força nas redes sociais, foi descoberto que Alicia já era investigada desde meados do ano passado por deixar um prejuízo de R$ 192 mil em uma lotérica na Vila Mariana, na zona sul de São Paulo.
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Em 12 de julho, Alicia tentou apostar R$ 891,5 mil na Lotofácil, mas a gerente da lotérica notou que o Pix tinha sido agendado, informando à suspeita que não aceitava pagamentos agendados. Apesar do alerta, a operadora do caixa já havia realizado apostas de R$ 193,8 mil e entregado os canhotos, de cinco apostas de 20 dezenas (R$ 38,76 mil cada), dando prejuízo ao estabelecimento.
De acordo com o inquérito policial a que a reportagem teve acesso, a estudante despertou a atenção da lotérica em abril, quando apostou R$ 9.690 na Lotofácil. No dia seguinte, ela voltou à agência e realizou outras duas apostas no mesmo valor, ambas pagas por meio de Pix.
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