Jornal Estado de Minas

POLICIA

Youtuber é preso após simular assalto e mobilizar até helicóptero da polícia em SC

Um homem de 28 anos foi preso em flagrante em Balneário Camboriú (SC), na tarde desta quarta-feira (18), após simular um assalto pelas ruas da cidade.

De acordo com a polícia militar de Santa Catarina, ele gravou imagens do suposto crime de dentro de um veículo, ao lado de outros homens e de duas crianças, que também participaram das gravações. Todos portavam armas de pressão.





Durante a ação, o homem, que se intitula youtuber e é morador da cidade, ameaçou pedestres e mobilizou policiais e viaturas de três municípios, além de um helicóptero da PM, que chegou a fazer barreiras na BR-101 em busca dos possíveis suspeitos.

Segundo a polícia, a operação teve início com várias denúncias de moradores, que avistaram uma caminhonete branca com alguns homens dentro, apontando armas longas, parecidas com fuzis, para fora das janelas.

Os relatos falavam de um roubo ocorrendo próximo a um clube de tiro, localizado no bairro Nova Esperança, e que homens estariam ameaçando pedestres, mandando-os ir embora --alguns fugiram desesperados até uma fábrica próxima para pedir ajuda.





A polícia diz que, pela gravidade das denúncias, todas as viaturas e motocicletas do 12º BPM, assim como a aeronave da Polícia Militar, foram mobilizadas para localizar os suspeitos e o veículo.

"Durante o deslocamento para o local da ocorrência, as viaturas policiais cruzaram sinais vermelhos, trafegaram pela contramão e excederam o limite de velocidade", diz a corporação, em nota.

A polícia reforça que outras ocorrências existentes no sistema, que aguardavam atendimento policial, foram deixadas em segundo plano, já que a gravidade da denúncia exigia a mobilização de todos os policiais militares disponíveis.

Eles, inclusive, pediram reforço a equipes policiais das cidades vizinhas, de Itapema e Itajaí, que passaram a realizar barreiras na BR-101, para evitar a possível fuga dos criminosos.

Depois de meia hora, seguindo a rota de fuga indicada pelas testemunhas, a polícia encontrou a caminhonete estacionada numa residência, na rua Nova Iguaçu.





Ao cercar a casa, o homem se entregou e relatou à polícia que estava "apenas" gravando um vídeo de simulação de um assalto em via pública, para seu canal do Youtube. As armas usadas eram de airsoft, mas ele admitiu não ter autorização para tais gravações.

O homem, que não teve o nome revelado, foi preso em flagrante por "atentado contra o funcionamento do serviço policial militar, ao provocar prejuízo ao atendimento de outras ocorrências e à atividade de policiamento ostensivo preventivo".

Ele vai responder pelo crime do artigo 265 do Código Penal (atentar contra a segurança ou funcionamento de serviço de utilidade pública) e também por ameaça e perturbação, que preveem penas de até cinco anos de prisão.





Na casa dele foram apreendidas duas armas de airsoft, uma faca, um rádio comunicador, um celular e uma câmera fotográfica, com as imagens do assalto simulado.

De acordo com a polícia, o suposto youtuber foi ouvido, passou por audiência de custódia e vai responder ao processo em liberdade. O conselho tutelar também foi acionado pelo fato de o caso envolver crianças. A ligação delas com o preso não foi informada. Também não foi informado quantas pessoas estavam com ele no carro.

Esta foi a segunda vez que o homem foi flagrado pelo mesmo motivo. A primeira foi em setembro de 2022, quando denúncias levaram a polícia a interceptar um Mustang em que ele estava, também simulando assalto, na mesma cidade. Na ocasião, foi apenas orientado e autuado por estar com a carteira de habilitação vencida.

Apesar de o transporte de armas de airsoft, consideradas armas de pressão, não ser considerado crime, a lei determina que o usuário a carregue de maneira discreta e tenha consigo a nota fiscal ou um comprovante da origem lícita do produto, explica o advogado Frederico Brusamolin, especialista em Direito Penal.

Ainda assim, explica, houve infrações administrativas no transporte ostensivo da arma de pressão, "que causou grande tumulto e pânico por onde passou". Com relação a gravações desse tipo, ele diz que não há na legislação uma previsão expressa de que devam ser autorizadas pelo poder público. Mas ele orienta que é preciso ter o bom senso de comunicar agentes de segurança para que não ocorra deslocamento de forças policiais de maneira desnecessária, como foi o caso.