A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) identificou mais um suspeito de participar da chacina de uma família que vem chocando o país. Carlomam dos Santos Nogueira, 26 anos, é o quarto suspeito de envolvimento com o desaparecimento de dez pessoas da mesma família e está foragido. A polícia chegou à identidade dele por meio das impressões digitais encontradas no cativeiro onde foram mantidas quatro das pessoas sumidas e também no carro de Gideon Batista, outro suspeito, que está preso.
O Correio divulgou, em primeira mão, que Carlomam é integrante da maior facção do país, o Primeiro Comando da Capital (PCC). A PCDF pede para que, caso alguém tenha informações sobre o paradeiro de Carlomam, denuncie pelo número 197. O sigilo é garantido. Além de localizar a quarta pessoa envolvida, a polícia ainda precisa desvendar outros mistérios até que o caso seja concluído. A investigação é conduzida pela 6ª Delegacia de Polícia, no Paranoá, comandada pelo delegado Ricardo Viana.
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Antigo conhecido da polícia, Carlomam acumula passagens por roubo, porte ilegal de arma de fogo, corrupção de menores e receptação qualificada. Em 2018, enquanto esteve detido no Complexo Penitenciário da Papuda, o criminoso foi alvo da operação Prólogo. Segundo as investigações naquele ano, internos de seis estabelecimentos prisionais do DF estariam atuando de dentro da cadeia para o fortalecimento da cúpula, como o batismo de novos membros e a ligação entre faccionados da capital e do Entorno. Foram apreendidas cartas e cadernetas dentro de celas usadas pelos custodiados para a transmissão de mensagens com conteúdo criminoso para outros criminosos.
Desaparecidos
Das dez pessoas da mesma família que estavam desaparecidas, foram comprovadas as mortes de cinco: a cabeleireira Elizamar da Silva, 37 anos; os filhos, Gabriel, 7, e os gêmeos Rafael e Rafaela, 6; e o sogro dela, Marcos Antônio Lopes de Oliveira. Elizamar e os três filhos serão enterrados hoje, às 15 horas, no cemitério Redenção, em Planaltina, Goiás. Segundo o irmão da cabeleireira, o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) está ajudando com as despesas funerárias. Até o fechamento desta edição, não havia informações sobre o sepultamento de Marcos. Os corpos de Elizamar e dos filhos foram encontrados carbonizados dentro do carro dela, próximo a Cristalina (GO), em 14 de janeiro. O cadáver de Marcos foi localizado enterrado em uma cova de 50 centímetros de profundidade, dentro de uma residência no Vale do Sol, em 19 de janeiro.
Familiares e amigos definem Elizamar como uma mulher trabalhadora e uma grande mãe. Era dona do salão de beleza Eliza Coiffeur, na 307 Norte. Eliza, como era tratada pelos mais próximos, tinha acabado de iniciar o negócio, com planos de expansão. O marido, Thiago, é descrito como um pai presente e um bom marido. "Nunca vi o Thiago irritado, nem brigando com os filhos dele ou com a Eliza. Estava sempre aqui com as crianças ajudando a mim ou a ela", contou Maria José, amiga de Elizamar e proprietária de um salão de beleza vizinho ao dela. Marcos era funcionário de uma agropecuária, pai de três filhos também envolvidos no caso — Thiago, Gabriela e Ana Beatriz (desaparecida).
Permanecem desaparecidos o marido de Elizamar, Thiago Belchior, 30; a ex-mulher de Marcos, Cláudia Regina, e a filha deles, Ana Beatriz. Fabrício Silva Canhedo confessou que Cláudia e Ana Beatriz também foram mantidas em cárcere no mesmo local junto à Renata Belchior, 52, e Gabriela Belchior, 25, que seguem desaparecidas. Contudo, em depoimento, Horácio Carlos, 49, um dos presos pela polícia, confessou que os dois cadáveres encontrados carbonizados em um carro, em Unaí (MG), no sábado (14/1), são de Renata e Gabriela. Até o fechamento desta edição, a informação não foi confirmada pela polícia.