Acometida há quatro anos por um câncer de mama que evoluiu para metátase nos ossos, Vana vivia em Portugal havia oito anos, com o marido.
Como ativista, estava empenhada na aprovação do projeto de lei que cria o Estatuto da Vítima, que amplia os direitos de quem sofre violência. "O filho biológico que ela não gerou [no tratamento com o médico] foi transformado no trabalho da instituição", diz Maria do Carmo Santos, presidente do grupo Vítimas Unidas, criado por Vana.
O Instituto Maria da Penha emitiu nota de pesar pelo falecimento da ativista.
"Forte e doce a um só tempo, foi exemplo de mulher guerreira que abraçou a missão de acolher outras vítimas de violência", diz o texto publicado em rede social do instituto.
Estupro
Vana foi estuprada pelo então médico renomado especialista em reprodução assistida, em 1993. Ela passava por um procedimento de fertilização in vitro quando foi violentada. Durante um dos procedimentos para a implantação do embrião, ela acordou da sedação com o médico ejaculando sobre seu corpo.
Após sua denúncia, vieram a público dezenas de outros casos de ex-pacientes do médico que também haviam sido abusadas na clínica particular, localizada no Jardim Europa, bairro nobre na zona oeste de São Paulo.
O escândalo foi revelado pela Folha de S.Paulo em janeiro de 2009, após uma ex-enfermeira denunciar o caso ao Ministério Público.
Em 2011, depois de ter sido condenado a 278 anos de prisão pelo estupro de 37 mulheres, Abdelmassih se tornou foragido da Justiça. Vana se dedicou a descobrir o paradeiro do médico durante os três anos em que ele viveu escondido em Assunção, no Paraguai, com uma identidade falsa, e ajudou a Polícia Federal a encontrá-lo.
A partir de sua experiência, Vana passou a receber pedidos de ajuda de outras vítimas de abusos sexuais e criou o grupo Vítima Unidas.