Jornal Estado de Minas

ARMAMENTISTA

Advogado morto com tiro acidental defendia o uso de 'arma na cintura'

Armamentista, o advogado Leandro Mathias, de 40 anos, morreu nessa segunda-feira (6/2) depois de ser atingido por um disparo acidental da própria arma em uma sala de ressonância magnética. Ele tinha um canal no YouTube onde falava, entre outros temas, sobre o porte de armas. 






Com apenas 48 inscritos em sua página na rede social, Leandro publicou 14 vídeos sobre diferentes abordagens jurídicas, de 21 de novembro de 2021 a 5 de outubro de 2022. Entre os temas, dois se referem ao uso de armas: "Quantos tiros posso efetuar na legítima defesa?" e "Cac pode parar para almoçar no caminho de treinamento? Leva ou deixa a arma no veículo?".

Neste último, Leandro fala sobre o "porte em trânsito" para Colecionadores, Atiradores e Caçadores (CACs), que, segundo ele, é quando uma pessoa porta a arma municiada e carregada para um local de prática esportiva ou para outro tipo de atividade relativa à respectiva categoria.

"A lei estabelece que você tem apenas que estar em deslocamento. Ela não fala em horário, local e não faz nenhuma ressalva sobre parar em algum lugar para fazer alguma atividade", declarou. 
Na sequência, o advogado ponderou sobre a possibilidade de deixar a arma no veículo. "Se eu preciso ir ao banheiro ou almoçar ou entrar em uma padaria para comprar alguma coisa, eu posso sim. E é claro que eu tenho que ficar com a arma, porque se eu deixo dentro do meu carro estou deixando ela vunerável para alguém mexer ou roubar essa arma, então eu estaria cometendo um crime de omissão de guarda", explicou o advogado. 





"Novamente, você precisa estar com a arma na sua cintura. E eu sempre falo para o pessoal: evitem problemas quando você for abordado pela polícia. Tenha calma, faça o que o policial pedir, se ele perguntar se você está armado, diga que sim, que você é Cac e tem a possibilidade de andar com a sua arma municiada", ponderou. 

Bolsonaro 

No TikTok, Leandro tinha 8.029 seguidores e um total de 49 mil curtidas somando as dezenas de vídeos publicados, incluindo uma menção de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que incentivou o acesso à arma de fogo antes e durante o seu governo.

Carreira

Especializado em Direito Penal e Processo Penal, Leandro tinha um escritório próprio em Cotia, na Grande São Paulo. Ele também presidia a comissão de Direitos e Prerrogativas da subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).





 

"É com profundo pesar que a OAB Cotia comunica a todos os colegas advogados a perda inesperada do nosso querido amigo e advogado. Lamentamos a perda e nos solidarizamos com a família neste momento de dor", escreveu a instituição nas redes sociais. 

Entenda o caso

No dia 16 de janeiro, Leandro foi com a mãe em um hospital de São Paulo para acompanhá-la em um exame. Já no local, foram até a sala de ressonância magnética. Quando o aparelho foi ligado provocou um efeito de imã na arma que estava com o advogado, fazendo com que o objeto disparasse acidentalmente contra o próprio advogado. Ele ficou internado por três semanas, mas não resistiu aos procedimentos.