Uma equipe da PF (Polícia Federal) confirmou nesta terça (7) que um indígena yanomami foi morto e outro ficou gravemente ferido após um suposto ataque feito por garimpeiros invasores da terra indígena. O ferido foi levado do território a um hospital em Boa Vista.
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A denúncia foi feita por Júnior Yanomami, presidente do Condisi (Conselho Distrital de Saúde Indígena) dos Yanomami e Ye'kuana. Ele esteve na terra indígena acompanhando as ações de emergência em saúde pública, declarada pelo governo Lula (PT) no último dia 20.
In loco, os policiais confirmaram que houve um assassinato e outra tentativa de homicídio, que deixou o indígena em estado grave. Segundo agentes que estão a par das diligências, o corpo não foi encontrado porque teria sido levado por outros indígenas, segundo relatos colhidos no local.
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O ferido precisou de transporte aéreo para ser socorrido e foi levado para um hospital em Boa Vista. Ele foi ferido no abdome por arma de fogo.
A suspeita é que os crimes tenham sido cometidos por garimpeiros do Homoxi. Os indígenas têm relação com a comunidade Haxiu.
O homicídio e a agressão ocorreram em meio a um processo de asfixia do garimpo ilegal, com controle do tráfego aéreo pela FAB (Força Aérea Brasileira) e promessa de operações de retirada de invasores. Com isso, existe um temor, entre policiais federais, de intensificação dos conflitos entre garimpeiros e indígenas.
Há, ainda, preocupação quanto às reações de garimpeiros em Boa Vista, no momento em que começar a avançar a retirada de invasores da terra indígena.
A região de Homoxi foi tomada por garimpeiros. Eles bloquearam a pista de pouso antes usadas por aeronaves da saúde indígena, passaram a impedir o acesso por ar das equipes médicas e tocaram fogo na unidade de saúde.
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O controle do espaço aéreo, a maior presença do Estado e a decisão anunciada — ainda que sem data — de retirada dos garimpeiros da terra yanomami levaram a uma mobilização de grupos de invasores do território, que passaram a fugir do lugar ou a tentar fugir de alguma forma.
Os garimpeiros passaram, então, a enfrentar uma inflação nos preços dos voos clandestinos de helicóptero para deixar o território, cobrados pelos próprios garimpeiros detentores de aeronaves. Um único voo passou a custar R$ 15 mil por pessoa, conforme relatos de invasores levados em conta no monitoramento feito pela PF.
Parte dos garimpeiros tenta chegar à Venezuela, segundo integrantes da PF, e há movimentos de fuga voltados até mesmo para a Guiana, distante da terra indígena.
Um pedaço do território está na fronteira com a Venezuela. Uma das regiões mais atingidas pela crise de saúde, com explosão de casos de malária e desnutrição grave, é Auaris, que fica perto da fronteira. O garimpo ilegal de ouro avançou tanto, com a conivência e o estímulo do governo Jair Bolsonaro (PL), que chegou até comunidades de Auaris.
Garimpeiros estão tentando deixar a terra indígena também em barcos. Outros dizem estar ilhados, sem condições de sair do território e com mantimentos se esgotando.
Passaram a ser mais frequentes caminhadas pela mata — chamadas de varadouros — até pistas clandestinas, na expectativa de voos que permitam a fuga.