No quarto dia de buscas pelas vítimas das chuvas que castigaram o litoral norte paulista, subiu para 48 número de mortos, sendo sete crianças. Mas o número de vítimas pode ser maior, pois as equipes de salvamento buscam por pelo menos 36 desaparecidos, segundo o último informe de ontem da Defesa Civil.
Mas, para piorar a situação, há relatos de que veículos que transportavam doações aos desabrigados e desalojados foram alvo de ataques, segundo o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas. "Estão saqueando caminhonetes com mantimentos doados. Coloquei o (Batalhão de) Choque para acabar com isso", afirmou ao portal G1. A falta de empatia com as vítimas da tragédia já havia sido denunciada quando houve relatos de que comerciantes estavam cobrando mais de R$ 90 por um litro de água.
Buscas
As buscas por mais corpos de vítimas dos deslizamentos aconteceram de forma mais intensa com a trégua da chuva ontem, mas a Defesa Civil aponta que ainda há riscos de que mais encostas venham abaixo, uma vez que a meteorologia previa o retorno dos temporais. Cerca de 200 bombeiros, com o apoio de mais 100 militares do Exército, estão empenhados na busca de sobreviventes, mas a cada dia que passa diminuem as esperanças de que alguém seja tirado com vida debaixo do lamaçal.
Apesar de o risco de novos desmoronamentos ainda ser alto, moradores das áreas condenadas pela Defesa Civil relataram medo de saques e resistem em abandonar suas casas. Tarcísio, porém, acredita que o reforço no policiamento coibirá invasões a residências que foram abandonadas.
"Trouxemos ontem (terça-feira) 80 policiais do Choque para fazer o policiamento e impedir saques", disse o governador. Para ontem, a estimativa é de que mais 300 policiais se juntariam na proteção aos locais afetados pelas quedas de barrancos.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do estado, 462 policiais militares estão empenhados nas missões de busca e salvamento e contam com oito helicópteros e cinco embarcações da corporação na logística de busca e salvamento.
Uma decisão da Justiça, porém, autoriza o governo a usar a força para obrigar os moradores a deixar as áreas de risco. Freitas, porém, destacou que uma medida extrema como essa só deve acontecer em último caso.
"Obrigar é muito complicado. Vamos fazer de tudo para que a pessoa saia", explicou. Até o momento, mais de mil moradores da Barra do Sahy, localidade mais atingida pelos deslizamentos, foram levados para um abrigo provisório.